domingo, 3 de agosto de 2008

DÉCADAS DE 40/50: ANOS DE OURO DA MÚSICA

(Por Agilmar Machado)

No final da década de 1940 e por toda a dos anos 1950, o rádio viveu um mundo encantado de fantasias e devaneios. Tivemos a felicidade de ter começado nesse longínquo e saudoso tempo. Ainda adolescente, lembro dos últimos meses do cinema mudo. Para despertar os aficionados havia várias táticas de “marketing”, então termo desconhecido.
Em Tubarão, por exemplo, a banda de música saia às ruas alertando para a fita (filme) que seria exibida logo mais à noite nos primeiros cinemas da Cidade Azul...
Já na minha terra (Araranguá), uma bocarra de alumínio projetava o som dos velhos bolachões 78rpm. O festejado tenor Pedro Vargas era voz constante. “Marimba”, na sua interpretação, está até hoje gravada em minha memória.
Do mesmo tempo, e já com o advento do rádio, foi o fabuloso José Mojica, que depois decidiria por terminar seus dias como monge em um convento franciscano, gravando somente em caráter beneficente, para obras caritativas em seu país.
A reprodução de sua obra-prima, “Júrame”, ainda recentemente regravada pelo excelente tenor Plácido Domingo (sem declamação).
Alfredo Le Pera, parceiro brasileiro de Gardel, compôs "El dia que me quieras" e incluiu declamação, inspirado na experiência de José Mojica.
(Na verdade, se alguém pôr em Google o nome do poeta chileno Amado Nervo aliando-o ao título El dia que me quieras, vai ler um poema praticamente igual ao que foi feito por Le Pera para a vóz de Gardel. Há quem afirme ter sido um plágio, pois Amado Nervo moreu muito antes da morte de Gardel e Le Pera, em 23 de junho 1935).
Na mesma linha interpretativa veio Tito Guizar, que não somente imortalizou boleros de Agustín Lara (como todos os demais cantores mexicanos), Maria Grever, Maria Tereza Lara, Gonzalo Curiel e tantos outros, mas também muitos tangos. Mantinha uma amizade muito próxima a Carlitos Gardel, a quem dedicou, in memoriam, em 1935 (quando este foi vitimado por um acidente aéreo em Medellín, Colômbia), uma bela interpretação de sua autoria “Para el amigo que se fué”.
Um registro especial cabe a um tenor mexicano inigualável: o humanitário médico-cantor, Dr. Alfonso Ortiz Tirado. Seu nome está relembrado em muitos monumentos, estabelecimentos de assistência social e ruas da Cidade do México.
Imortalizou uma das mais apaixonantes letras que se conhecem, depois também gravada por Guizar, Carlos Ramirez e outros: a valsa de Alfonso Esparsa Oteo, Dime que si.
Mais tarde viriam outros expoentes do bolero: Gregório Barrios, Roberto Yanes, Trio Los Panchos e tantos de impecável valor interpretativo.
Tudo o que está aqui posto, vai endereçado à curiosidade dos que não viveram aqueles anos e, especialmente, para amenizar a saudade dos que deles desfrutaram.

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