quarta-feira, 22 de outubro de 2008

PARECE QUE FOI ONTEM...

Ao Maestro Zezinho

(Por Agilmar Machado)

Num dia longínquo uma rádio no sul vivia a continuação do sucesso de audiência que alcançaria por muitos anos, quando surgiu a oportunidade de se organizar, além de uma pesada programação jornalística e esportiva, também amenos programas, num pequeno auditório de um estreito prédio da Rua Rui Barbosa (n.149), tudo ao vivo.

Não eram cartazes então de fama estadual ou nacional que enfeitavam o pequeno palco, manuseando, como gente grande, seus afinados instrumentos. Eram apenas meninos, mais precisamente irmãos. Uma família de veia artística incomparável para a idade que tinham, e não só isso, conseguindo elevar – de forma surpreendente - o número de correspondências chegadas para seu programa.

Na cabeça, a figura esbelta de um cidadão de rara dignidade, qualidade tão expressiva quanto sua cativante humildade de chefe de família exemplar.

Um filho varão liderava o grupo artisticamente, como se os instrumentos em suas mãos fossem como hoje seria um teclado de computador a nossa frente (naquele tempo, máquina de escrever): criando novos caminhos, nuanças e tons para a arte sua e dos demais irmãos. E os maviosos tons nasciam diferentes do convencional: mais puros, mais melodiosos, quase divinos!

Mas esses meninos (e para nós eternos meninos...) foram crescendo celeremente, física e artisticamente, como todos os que se lançam com competência e gosto pela música ou por qualquer outro modo de fazer bem feito aquilo a que se propõem.

Pois foi assim que nasceram e se criaram, sob o olhar orgulhoso do “velho” Ribeiro, os componentes de um dos mais renomados conjuntos brasileiros: o Stagium.

E o pequeno Zezinho, hoje zeloso chefe de família (depois de perder sua primeira esposa, a saudosa Nívea), como os velhos vinhos portugueses da mais elevada casta, jamais parou de se tornar cada vez mais apreciado, crescer como artista e igualmente como honrado cidadão.

Foi e continua sendo, cada espetáculo de Zezinho Ribeiro – o Maestro Zezinho –, algo contagiante e marcado pelo infalível sucesso.

Escrevo tudo isso às vésperas de mais uma das gloriosas e aplaudidas apresentações do Stagium no TAC (Teatro Álvaro de Carvalho), em Florianópolis.

Para mim, parece continuar vendo o Ribeiro e seus filhos no auditório restrito da Rádio Eldorado de Criciúma, já fazendo magias com os seus instrumentos.

Um abraço carinhoso aos meninos do “seu” Ribeiro, meu sempre querido amigo.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

GREGÓRIO BARRIOS - "O REI DO BOLERO"

(Por Agilmar Machado)

Carmen Jensen Ehrardt, catarinense do Vale do Itajaí, 25 anos, ex-miss Santa Catarina, seria a eleita do cantor Gregório Barrios para viver com ele desde 1966 até 17 de dezembro de 1978, ano da morte do cantor em São Paulo, onde residia.
Tinha Carmen apenas 25 anos e ainda sentia o sabor da vitória no concurso de beleza estadual, quando Gregório Barrios, que desde 1962 já morava no Brasil (tendo trocado inicialmente a Calle Florida, em Buenos Aires, por Copacabana, no Rio, e depois São Paulo). Do primeiro casamento Gregório teve um filho argentino e, do segundo, uma filha, também Carmen.
Nascido como Gregório Barrios Villabriga, na província basca de Bilbao, Espanha, cedo Gregório, mais três irmãos e seus pais emigrariam para a Argentina em 1921, por força das convicções socialistas do seu progenitor.
De família pobre, Gregório começou cedo no labor diuturno e, na Argentina, seria admitido como auxiliar de serviços gerais numa empreiteira de pavimentação de estradas, tendo chegado, por merecimento, a exercer um cargo de chefia,
Nascido com o gosto pelas artes, comumente cantarolava alguns trechos de óperas e até mesmo tangos enquanto trabalhava. O filho de seu patrão, despertado pela extraordinária entonação de voz de Gregório, um dia disse a ele: “Não sei o que você está fazendo aqui, com esta privilegiada maneira de cantar”...
Foi o bastante para despertar em Gregório o interesse em iniciar sua vitoriosa carreira, que o levou ao auge por mais de 40 anos ininterruptos.
Seu começo foi no ano de 1938, quando estreou em programas de rádio em Buenos Aires, concomitantemente levando a sério seus estudos de música sob a supervisão de renomados professores argentinos, com o pseudônimo de Alberto Barrios. Dedicou-se inicialmente a trechos de ópera, passando posteriormente a interpretar tangos clássicos do repertório portenho.
Pouco antes do ano de 1940, finalmente encontrou no bolero sua inigualável vocação artística, adotando esse ritmo definitivamente.
Sempre demonstrando extraordinário apego pelo Brasil, por onde excursionara várias vezes, em 1962 resolveu residir – definitivamente – em nosso país, sem, contudo, deixar de cobrir as Américas e a Europa com sua presença constante.
É de se supor que tenha Gregório recebido forte influência de famosos intérpretes do gênero na época, como Pedro Vargas, Dr. Alfonso Ortiz Tirado, Tito Guizar e o velho e aplaudido tenor mexicano José Mojica, que terminou sua carreira de sucesso em música e no cinema repentinamente, resolvendo ingressar em um convento da ordem franciscana (desde então gravaria somente em favor de obras assistenciais). Mojica, aliás, foi admirado até por Carlos Gardel e o compositor brasileiro Alfredo Le Pera. Foi inspirado nas célebres declamações de Mojica em suas melodias, como “Jurame” e “Maria la O”. Gardel e Le Pera lançariam a canção “El dia que me quieras”, com letra e glosa deste último.
Além dos países em que excursionou, Gregório Barrios – ídolo absoluto do bolero na década de ouro de 50 – percorreu o Brasil de ponta a ponta por muitas vezes.
Lembro de três etapas em que vi Gregório Barrios e tive o prazer de ouvi-lo e aplaudi-lo: certa vez num vôo da Cruzeiro do Sul, entre Curitiba e Florianópolis; a segunda quando tive a honra de apresentá-lo em Laguna (1955) e a derradeira quando, estudando em Santa Maria, passei pelo centro de Porto Alegre. A municipalidade havia inaugurado a nova estação rodoviária por aqueles dias. Ao chegar nas proximidades da mesma, com destino à ponte do Guaíba, uma faixa imensa anunciava a presença de Gregório Barrios na inauguração do Restaurante Gauchão, naquela estação. Isso foi por volta de 1972. Gregório já estava com 61 anos de idade, mas conservava um aspecto muito saudável. Assisti ao espetáculo e pedi a Gregório que interpretasse o belo joropo venezuelano “Alma Llanera”. Educadamente ele pediu desculpas, aduzindo que o número não teria sido ensaiado...
Entendi seu argumento: “Alma Llanera”, que ele gravara por volta de 1945, possuía um tom extremamente alto e, no final, um agudo fenomenal: entendi que o peso dos anos já não lhe permitiriam alcançar tão elevada tonalidade...
Gregório gravou mais de 500 discos 78 rpm e dezenas de LPs, desde os primeiros tempos dos vinis de dez polegadas.
Em meu poder tive cerca de dez preciosos LPs de Gregório, os quais, procurando preservar aquelas relíquias, obsequiei a um amigo lagunense cujo zelo pelas raras coleções é bem mais acurado que o meu. Estão em boas mãos...

sábado, 11 de outubro de 2008

DO ESTIMADO VALMIR

"Novo blog
Agilmar Machado, lenda viva do rádio catarinense, lançou um blog.
Na apresentação ele diz que “seria egoísmo e injustiça levar para todo o sempre a história que viveu ao longo de 74 invernos”.
Sua página é “elaborada de forma sincera”, ele faz questão de frisar.
Nela, Agilmar nos conta causos, fala de música, da imprensa, de jornalismo e jornalistas, do rádio.
Iniciou sua carreira aos 15 anos, na cidade de Criciúma, tendo passado por várias emissoras catarinenses.
Aqui em nossa cidade foi locutor, redator e gerente da rádio Difusora. É membro fundador da Academia Criciumense de Letras (Patrono e ocupante da cadeira nº 21).
Em outubro de 2000 lançou “A História da Comunicação no Sul de Santa Catarina”, registros históricos do chamado “quarto poder”, e que tem servido como material de pesquisa para estudantes, pesquisadores e leitores interessados em conhecer sobre a comunicação em nossa região.
É um resgate de fatos, datas e personagens.
Pois tudo isso e muito mais o irmão Agilmar vem apresentando em seu blog, aos poucos, no dia-a-dia acrescentando sua experiência pessoal e profissional.
Desbastando como todos nós, a pedra bruta, na evolução em busca do Oriente Eterno.
Para comprovar o que digo é só clicar em:
http://jornalnossotempo.blogspot.com

E não preciso dizer que a partir de hoje ele estará devidamente linkado no lado direito deste blog.
Bom proveito."

DA GENEROSIDADE DO Ir.: VALMIR GUEDES

CARO MANO:
É RARO MAS AINDA EXISTEM PERSONALIDADES COMO VOCÊ QUE, MALGRADO AS "CARAS FEIAS", DIZ O QUE PENSA!
ACHO QUE, À GUISA DE RETRIBUIÇÃO, PODE-SE ASSEGURAR QUE O G.:A.:D.:U.: TEM SUAS MÃOS ESPALMADAS EM PROTEÇÃO A TODA A LINDA FAMÍLIA QUE SOUBESTE FORMAR SOB O PRINCÍPIO DA HONRA E DA RETIDÃO DE CARÁTER HERDADAS DE TEUS QUERIDOS PAIS E SOGROS.
UM TFA MUITO SINCERO.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

EL DI QUE ME UIERS UMA DUDA - mensagem

JASouza. deixou um novo comentário sobre a postagem ""EL DIA QUE MEQUIERAS"... UNA DUDA...":
Aprecio muito a poesia de Amado Nervo, mas se Alfredo Le Pera escreveuseus versos de El Dia En Que Me Quieras inspirado no poema homônimodaquele autor, sou de opinião de que a sua letra melhorou e muitoàquela do original.
Observe como soa muito mais natural e melodiosaleperamente, prova está que alcançou um sucesso universal jamaisalcançado pela outra similar.JASaudações.

EL DI QUE ME UIERS UMA DUDA - mensagem

CHATÔ (Luciano Souza - advogado)

Luciano Sousa, Advogado. deixou um novo comentário sobre a sua
postagem "DA CURIOSA VIDA DE ASSIS CHATEAUBRIAND (CHATÔ)":
O mais curioso é saber que em nossa cidade,Florianópolis, meu amigo é sobrinho neto de Assis Chateaubriand, o advogado André Chateaubriand Bandeira de Melo, que também é professor de direito na Universidade.
Ele acabou de fazer um doutorado na Espanha,mas nem por isso deixou de lado a simplicidadee o convívio dos amigos.

AL NETO (AFONSO ALBERTO RIBEIRO NETO) - FINAL

Seria inverossímil afirmar que Al Neto, tendo servido ao órgão central de notícias e análises jornalísticas dos Estados Unidos, tivesse capitalizado somente fiéis amigos e incondicionais admiradores do seu trabalho.

Como também seria utopia dizer-se que seu trabalho não mereceu minuciosas análises dos países chamados “da cortina de ferro”, seguidores de regimes literalmente adversos aos pontos de vista que ele defendeu por longos anos na imprensa.

São esparsos os registros de críticos antagônicos ao trabalho de Al Neto, porquanto, à época, as publicações “do lado de lá” simplesmente não eram divulgadas por aqui.
Mas Al Neto, em que pesem esses “inimigos” anônimos, na nossa análise sempre cumpriu, minuciosa e fidedignamente, o seu prestigiado ofício.

E nem precisaria ter o “status” de Al Neto como comentarista analítico para conseguir arranjar, gratuitamente, muitas vozes divergentes a suas convicções.

Nós próprios, jornalistas provincianos que sempre fomos, jamais conseguimos atender a todos os gostos e nem sequer nos enquadrarmos de forma literal com todos os nossos leitores/ouvintes.

Uma simples crítica no rádio ou no jornal, sempre afetava algum sentimento ou autoridade atingida pelas nossas observações. Especialmente pelo nosso estilo nada “dócil” de criticar.

De qualquer forma, Al – que hoje perenemente tem seu nome lavrado no livro dos mais reconhecidos pela função que exerceu por aqui – jamais pecou pela insensatez.

Como qualquer profissional de elevado nível, fez jus ao que recebeu pelo seu trabalho, tendo especialmente deixado saudades infinitas aos que privaram da sua amizade.

Tivemos muita honra de pertencer ao seu seleto círculo de amigos, de forma desinteressada e elevada.

Sua honrada família segue levando adiante tudo o que ele preconizou para sua querida Estância do Pinheirinho, patrimônio centenário não somente como empreendimento material, mas especialmente motivada pela sempre terna lembrança dos ancestrais da ilustre família lageana.

Quando, ao saber do seu falecimento, redigi meia página de um jornal de Criciúma, confesso que o fiz com um nó na garganta e com o coração cingido. Impossível evitar uma lágrima num momento desses, mesmo considerando os 83 anos que o velho e respeitável advogado, jornalista e empresário atingiu.

Afinal, amizade não tem idade e jamais nos conformamos com a perda de uma personalidade que nos foi tão cara e próxima por tanto tempo.

Despeço-me desta série sobre alguns aspectos da vida e da personalidade marcante de Al Neto, agradecendo a todos os que a acompanharam.

Se me restar tempo ainda, um dia desejo ir a Estância do Pinheirinho e depositar, sobre a lápide de Al Neto, uma beleza natural que ele tanto amou: uma flor que simbolize o cinco (5 em Flor) que marcou tão profundamente sua vida.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

DA CURIOSA VIDA DE ASSIS CHATEUBRIAND (CHATÔ)

(Por Agilmar Machado)

Durante a Revolução de 1930 (que elevou ao poder central Getúlio Dornelles Vargas, destituindo Washington Luiz), muitos foram os registros que envolveram fatos curiosos e quase passados despercebidos.

Quem acompanha a história do país, sabe que – naquela época – uma das figuras de vanguarda na imprensa brasileira chamava-se Assis Chateaubriand.

Nascido pobre, cresceu na vida muito mais como jornalista do que como advogado brilhante que foi por alguns anos.

Sempre preferiu o “caminho mais curto” como titular de um império jornalístico (os Diários Associados), ao oferecer seu apoio a políticos detentores do comando.

Em 1930, Chateaubriand, ao vislumbrar a conquista do poder pelo gaúcho de São Borja, Getúlio Vargas, ofereceu-lhe apoio imediato e incondicional.

Foi no início da era Vargas que Chateaubriand, para não se incomodar com os focos de resistência que eventualmente pudessem atrapalhar sua vida, resolveu deslocar-se até Porto Alegre, fazendo-o pela região serrana no trecho de Santa Catarina.

Programou pernoite em São Joaquim, então tendo Lages como pólo absoluto do planalto catarinense. Ali se instalou, para pernoite, no único hotel da cidade.

Após um reconfortante banho, desceu até a portaria do hotel onde, de surpresa, recebia ordem de prisão do então delegado de polícia do lugar (na época, geralmente um militar).

Os motivos eram óbvios:
1.- um “desconhecido” num lugar onde todos conheciam todos;
2 - Era ordem assim agir com qualquer “ente” que aparecesse por aquelas paragens, originando natural suspeita de foragido remanescente do antigo sistema.

Quando Chatô tentou explicar ser Assis Chateaubriand, ai mesmo que “embolou o meio de campo”, aumentando mais a descrença no que o jornalista dizia: Assis Chateaubriand em São Joaquim???

De memória prodigiosa – procurando manter a calma de quem já passara por muitas situações iguais ou ainda piores – Chatô exclamou de repente: “Tenho um funcionário aqui que poderá comprovar minha identidade!”

Instado a esclarecer-se melhor, complementou Chateaubriand: “é o cidadão César Martorano, ligado a ”O Jornal”, como seu representante local”.

Chamado Martorano – que jamais iria supor ver Assis Chateubriand (e muito menos em São Joaquim), este quase teve um desmaio ao ver ali, ao vivo, aquele que tanto admirava mas que jamais supunha vir a conhecer pessoalmente!

“Doutor Chatenaubriand!”, e Chatô “partiu para o abraço”, não somente comovendo a todos, como também “gelando” a irredutibilidade até então imposta pelo delegado!

O jornalista e meu amigo pessoal há mais de 50 anos, Rogério Martorano, é muito mais fiel testemunha deste curioso fato do que consta nesse modesto relato, pois ele é filho de César Martorano e poderá contar muito mais do carinho e apreço do velho Chatô para com os seus e com a cidade de São Joaquim a partir de então.

As visitas de Chateaubriand foram freqüentes, desde então, ao seu amigo César Martorano e família, bem como muitos recursos foram destinados pelo velho jornalista à cultura da cidade.

Hoje a cidade serrana que detém o título de “mais fria do Brasil” possui em seu Museu Histórico o honroso Espaço Assis Chateaubriand.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

AL NETO (Afonso Alberto Ribeiro Neto)

RESUMO DA VITORIOSA CARREIRA DE AL NETO

"Al Neto, natural de Santa Catarina. Descendente de bascos, daí o nome Neto, que é o de um cerco ao norte de Guipúzcoa(Províncias Vascongadas, Espanha), ponto de origem da família.

Cursou a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, a Escola de Filosofia de Buenos Aires e a Escola de Jornalismo da Universidade de Missouri, especializando-se em rádio.

Foi repórter de Notícias Gráficas(Buenos Aires) e correspondente da United Press em Buenos Aires, Rio de Janeiro e Nova York,.

Em 1947, foi comentarista das Nações Unidas.

É autor de um romance "A ave de arribação" e um livro de viagens, em castelhano "Outra azucena en mi jardin".

Fez comentários radiofônicos irradiados por 186 estações brasileiras e publicado em 114 jornais".

(Fonte: Lucas Alexandre Boiteux.Subsídios para a enciclopédia catarinense 1915-1936. Inédito. Em fichas. Fotocopiado. Acervo do Instituto Histórico).

AL NETO (Afonso Alberto Ribeiro Neto) VI

AL NETO (Afonso Alberto Ribeiro Neto) - VI

Se somos sensíveis aos sentimentos de afeto, de amizade, de dor, de tristeza, e às vezes até de raiva, tudo nos leva a crer que devamos estar perto daqueles a quem mais amamos na vida... e também na morte.

Não por uma questão física, pois no final só restará o pó, mas para que os que ficam jamais esqueçam de quem lhes fez bem na vida terrena...

Assim entendemos quando eventualmente visitamos um cemitério...

Lá estão nossos entes mais queridos para serem lembrados dos saudosos momentos de quando ainda recebíamos seu calor e seu carinho.

Definitivamente assim sempre foi a concepção de Al Neto (inclusive exteriorizando-a ao levar-nos a visitar vários túmulos que se aglomeravam no cemitério da Estância do Pinheirinho, onde ele também hoje descansa).

O cemitério - isolado -, numa linda colina de onde se vislumbrava a natureza intacta por todos os lados, bem representava a importância dada à memória dos que partiram e que um dia habitaram a casa principal, seus arredores e seus piquetes de pastagem nobre.

Em cada breve epitáfio: nome, data de nascimento e o dia, mês e ano da viagem para o Oriente Eterno.

Informação resumida, pois para quem conheceu e admirou alguém, não precisa mais nada para manter sempre viva sua lembrança.

Quando chegamos vislumbramos os sepulcros onde jazem seus antepassados.

O mais recente, então, era de seu pai, o respeitável médico Valmor Ribeiro, cujo nome orgulha a cidade de Lages e é homenageado com seu nome em importante rua e num grande ginásio de esportes.

A morte do patriarca Dr. Valmor Ribeiro, então, foi o motivo que levou o jornalista de sucesso mundial, Al Neto, a abandonar atribulada vida internacional e rumar – definitivamente – para a sede da modelar estância e assumir os destinos desta. Motivo: somente filho varão sucede aquele que alcança a eternidade...

O velório do finado Valmor Ribeiro, segundo hábito tradicional da família, teve poucos presentes: a família, os funcionários da estância e raros amigos (como também foi o de Al Neto, em 2000).

Às 21h, Al Neto veio até a sala principal onde o corpo estava sendo velado, agradeceu reverentemente a presença de todos até aquele momento, solicitou que todos retornassem no dia seguinte, às 09h, apagou as velas que circundavam o ataúde, apagou as luzes, fechou a casa e foi descansar.

Além de seus antepassados queridos, dividiam espaço com aqueles os seres que, vivos, fizeram a alegria, o orgulho e o prazer de seus donos: os animais a que seus respectivos ancestrais mais dedicaram carinho e foram nisso correspondidos.

Senti uma emoção muito forte, já que também minha concepção é de que entes queridos não são somente aqueles que possuem nosso sangue e nossa espécie, mas, sim, todos os que nos mostraram lealdade e nos propiciaram momentos alegres, mesmo sendo chamados de “irracionais”.

Pessoalmente talvez leve eu ao extremo minha admiração pelos animais, considerando a lealdade destes para conosco.

No mundo em que vivemos, não raro é lermos ou ouvirmos notícias sobre pais que, tresloucadamente, abandonam seus filhos ao léu, entregando-os à miséria e ao vício, sem demonstrar nenhum sentimento afetivo.

Mães que, eventualmente, optam pela sua própria vida, em detrimento da vida frágil de uma criança, no mais repulsivo atestado de desamor filial.

Em contraposição – e felizmente –, a esmagadora maioria das mães, quanto mais pobres e necessitadas, dão sua própria vida para que seus pequenos seres, frutos de suas entranhas, subsistam!

Curiosamente, gestos nobres e grandiosos como estes, encontramos somente num cão fiel que, ao ver seu dono atacado, entrega sua própria vida – instintivamente – para preservar a de seu amo.

Tudo isso retrata – com absoluta fidelidade – a razão óbvia de se conservar a lembrança desses seres chamados “irracionais” com o mais caloroso afeto e eterno reconhecimento.

Essas lembranças nos passavam pela mente enquanto Dr. Al Neto, impecavelmente pilchado, nos mostrava aquele lugar tão solitário, porém onde nos sentimos tão reconfortados pela paz reinante...

(Homenagem ao seu filho e sucessor, Dr. Valmor Ribeiro Neto, a quem conhecemos (em férias) durante um chá da tarde na estância, quando ainda era estudante em Porto Alegre).

terça-feira, 9 de setembro de 2008

EL DIA QUE ME QUIERAS... UNA DUDA...

O poema “El dia que me quieras”, mundialmente conhecido pela composição de Alfredo Le Pêra e Carlos Gardel (o primeiro cantor francês de nascimento, e o segundo jornalista, poeta, produtor e escritor brasileiro nascido no bairro do Bexiga, SP – rua Major Diogo,22), é objeto de discussões e dúvidas até os dias de hoje, comparado à obra do poeta mexicano, Amado Nervo (Juán Crisóstomo Ruíz de Nervo- * Tepic, México, 27/08/1870- + Montevideo, Uruguay, 24/05/1918).

Gardel e Le Pera o apresentaram, gravado pelo primeiro, em 1935, meses antes do fatídico acidente aéreo de Medellín, Colômbia, que a ambos vitimaria em 23 de junho, portando, 16 anos depois do falecimento do poeta Amado Nervo.

Comparando-se os versos, é clara a coincidência de termos usados, a começar pelo título, exatamente igual.

Para que nosso leitor tenha a oportunidade de comparar, apresentamos abaixo:

- 1 – o poema de Amado Nervo (original);

- 2 – a composição de Le Pêra.

Há semelhanças que não deixam dúvidas de que a inspiração de Amado Nervo serviu de base para a obra de Lê Pêra...




EL DIA QUE ME QUIERAS
(AMADO NERVO)

El día que me quieras tendrá más luz que junio;
la noche que me quieras será de plenilunio,
con notas de Beethoven vibrando en cada rayo sus inefables cosas,
y habrá juntas más rosas que en todo el mes de mayo.
Las fuentes cristalinas irán por las laderas saltando cristalinas el día que me quieras.
El día que me quieras, los sotos escondidos resonarán arpegios nunca jamás oídos.
Éxtasis de tus ojos, todas las primaveras que hubo y habrá en el mundo serán cuando me quieras.
Cogidas de la mano cual rubias hermanitas, luciendo golas cándidas,
irán las margaritas por montes y praderas, delante de tus pasos, el día que me quieras...
Y si deshojas una, te dirá su inocente postrer pétalo blanco: ¡Apasionadamente!
Al reventar el alba del día que me quieras,
tendrán todos los tréboles cuatro hojas agoreras,
y en el estanque, nido de gérmenes ignotos,
florecerán las místicas corolas de los lotos.
El día que me quieras será cada celaje ala maravillosa;
cada arrebol, miraje de "Las Mil y una Noches";
cada brisa un cantar, cada árbol una lira, cada monte un altar.
El día que me quieras, para nosotros dos

"EL DIA QUE ME QUIERAS"... UNA DUDA...

Acaricia mi ensueñoel suave murmullo de tu suspirar,¡como ríe la vidasi tus ojos negros me quieren mirar!Y si es mío el amparode tu risa leve que es como un cantar,ella aquieta mi herida,¡todo, todo se olvida..!El día que me quierasla rosas que engalanase vestirá de fiestacon su mejor color.Al viento las campanasdirán que ya eres míay locas las fontanasme contarán tu amor.La noche que me quierasdesde el azul del cielo,las estrellas celosasnos mirarán pasary un rayo misteriosohará nido en tu pelo,luciérnaga curiosaque verá...¡que eres mi consuelo..!Recitado:El día que me quierasno habrá más que armonías,será clara la auroray alegre el manantial.Traerá quieta la brisa rumor de melodíasy nos darán las fuentessu canto de cristal.El día que me quierasendulzará sus cuerdasel pájaro cantor,florecerá la vida,no existirá el dolor...La noche que me quierasdesde el azul del cielo,las estrellas celosasnos mirarán pasary un rayo misteriosohará nido en tu pelo,luciérnaga curiosaque verá... ¡que eres mi consuelo

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

IMPORTÂNCIA DOS REGISTROS HISTÓRICOS

PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA (ARARANGUÁ)

Sabe-se que tempo houve em que um único município abrangia o extremo sul catarinense: Laguna, onde a imprensa existiu praticamente logo após o primeiro surto desenvolvimentista.

Brito Peixoto, ao deixar impressões da terra que escolhera para situar a futura cidade, já estava divulgando, através de cartas históricas, a região.

Muitos anos depois, em 1880, surgia a cidade de Araranguá (que teve outros topônimos como, Capão da Espera e Campinas), desmembrada de Laguna.

Na velha Araranguá dos fins do século dezenove, surgiram algumas personalidades que tiveram decisiva influência na história, através de escritos deixados e editados definitivamente no ano de 1987.

Uma obra cujo valor histórico retrata pormenores da vida de então, muito embora tenha sido elaborada como singelo “diário” de um telegrafista dos correios e telégrafos.

Seu nome: Bernardino de Senna Campos, nascido no Desterro em 1873, filho de Domingos Gomes Dias Campos e Maria Rosa de Campos.

Todo o acervo deixado por Senna Campos e cedido por descendentes deste, foi cuidadosamente analisado e selecionado pelo saudoso Padre João Leonir Dall’Alba, composto e impresso na Imprensa Oficial e distribuído pela Editora Lunardelli, de Florianópolis.

No exemplar da primeira edição que possuo em minha biblioteca, em manuscrito, na primeira página do pesquisador Dall’Alba:

“Agilmar Machado, você colaborou e incentivou o autor desta obra, melhor dizendo, o organizador. Por isso o reconhecimento do Pe. João Leonir Dall’Alba.
Araranguá, 23/01/87”.

O compêndio do diário de Senna Campos, embora direcionado mais aos fatos ocorridos no seio de sua família - seu trabalho, suas viagens -, acaba abrangendo nomes e fatos marcantes da velha Araranguá, desde sua, já então, intensa vida social, até a ferrenha política gerada antes e pós a proclamação da República.

Em 1904, meu avô – Coronel Bernardino Machado, fundador de Palhoça – após ter sido prefeito nomeado e posteriormente eleito de sua terra natal e deputado constitucionalista, desgostoso com alguns fatos políticos, escolheu Araranguá para viver. Ali construiu sua casa (onde nasci) herdada depois de sua morte por meu “velho” – em 1916.

Meu pai – bem mais novo do que Senna Campos, após ter com este encontrado ao embarcar no vapor Berlink I, encetou longa e conturbada viagem de Florianópolis a Araranguá, tendo então nascido entre os dois uma sólida amizade.
Assim narra Senna Campos o início dessa amizade (“Memórias do Araranguá”, pág.94, ref. dia 24/02/1904):

“...Antes do iate suspender (âncoras) da Prainha (Fpolis), chegou, a toda pressa, a bordo, uma canoa com três pessoas, vindas da cidade, sendo uma delas um moço, de roupa preta, bem trajado.

Vinha solicitar uma passagem para o Araranguá.

Cumprimentando-o, soube chamar-se Manoel Telésforo Machado, que já residia em Araranguá com seu pai, Coronel Bernardino Machado, que fora chefe político de Palhoça.

Residia na vila há um mês.

Tinha ido à Capital fazer exame na Instrução Pública para exercer o cargo de professor naquela vila.

Travamos logo relação e ficamos amigos especialmente por pertencermos à mesma facção política e crenças religiosas, o Espiritismo, que já vinha sendo estudando há tempos e tomado gosto!!!...”

Essa obra compilada pelo Padre Leonir tem 176 páginas, testemunhos isolados de um tempo que, não fora um diligente telegrafista, cairia infalivelmente no ostracismo...

Daí a nossa concepção de publicar tudo o que vivemos a vimos durante os anos passados por aqui.

É uma das mais preciosas heranças culturais que podemos deixar à humanidade:

A HISTÓRIA!

domingo, 31 de agosto de 2008

ESTÁ NO "CAROS OUVINTES" DE HOJE

Os astros e as estrelas de nossa constelação
31/08/08 · Comente

O site www.carosouvintes.com.br completa cinco anos de atividade contínua no próximo dia 22 de setembro. A bandeira levantada – A história do nosso rádio não pode se perder no ar – continua sinalizando as galáxias percorridas e a percorrer pelos caminhos do sem-fim.

Neste setembro de 2008 estamos lançando uma nova série em que recuperamos memórias e historias de sonhos acalentados e vidas vividas por quem já não mais está aqui.

Este é um trabalho voluntário iniciado aqui, mas que na sua continuidade dependerá da colaboração de muitos outros voluntários informando, colaborando e incentivando os que tocam o projeto Caros Ouvintes.

O relato simples e direto será feito também por quem viveu, viu e se apaixonou pelo que viu nos exemplos deixados por homens e mulheres notáveis, muitos deles esquecidos ou ignorados por quem deveria cultuá-los.

A apresentação das matérias em texto, foto e áudios – quando os houver – será feita em função dos nomes já pesquisados pelos editores e atuais colunistas colaboradores do Instituto Caros Ouvintes.

Astros e Estrelas da Constelação Catarina começa na próxima edição do boletim (7/9) com uma série de artigos do radialista, jornalista e escritor Agilmar Machado enfocando AL NETO que revive parte da vida profissional de Alfonso Alberto Ribeiro Neto no rádio e na televisão do Brasil, da Inglaterra e dos Estados Unidos.

Aliás, o lançamento desta série muito deve à dedicação e espírito comunitário de Agilmar Machado que além de escrever e incentivar os companheiros do Caros Ouvintes é também um divulgador deste trabalho pela vasta rede de contatos que mantém em vários países da América Latina, América do Norte e Europa.

Você pode ajudar sugerindo nomes, indicando fontes de referência e também escrevendo para carosouvintes@carosouvintes.com.br
Instituto caros Ouvintes de Estudo e Pesquisa de Mídia.
Cinco anos navegando.

Tim! Tim!

(Obrigado, Amigos da seleta aldeia de "Caros Ouvintes": Severo, Ricardo, Cerri e demais - e valorosos - colaboradores freqüentes desse prestigioso site.
Al Neto é uma referência do jornalismo mundial! Ninguém mais digno de abrir essa honrosa galeria de valores inesquecíveis da nossa imprensa , rádio e TV.
Abraço imenso do Agilmar)

AL NETO (Afonso Alberto Ribeiro Neto) (V)

Como estudioso e perfectivo que sempre foi, Al Neto vislumbrava com frio realismo a dimensão de qualquer problema e, para solucioná-lo, tinha sempre em mira a mais eficaz, lógica e racional estratégia.

Um dia comentei com ele que vinha tendo alguma dificuldade com o método que adotei para a distribuição dos informativos que minha equipe reproduzia e enviava aos órgãos de imprensa, rádio, TVs e líderes comunitários. Isso, porque não tinha meu pessoal uma estatística quanto à receptividade da matéria que emitíamos diariamente, retratando os trabalhos administrativos.

Sem rodeios, a guisa de resposta, fez-me uma indagação que achei – à primeira vista – desconcertante: “Machado, quantas vezes jogaste meu comentário no lixo quando trabalhaste em rádios e jornais?”.

Procurei “manter a linha”, porém retrucando com firmeza e sinceridade: “Dr.Al Neto, sua pergunta deve ter um fundamento muito lógico e certamente é fruto de uma experiência ida e vivida em sua longa caminhada profissional.
Pois na verdade, como sempre compus equipes consideradas de bom padrão, invariavelmente achávamos que a produção da equipe por nós composta, sem apelar para matérias de terceiros, por todos os tempos conotou a nossa marca. Redigíamos um jornal falado de meia hora, em menos de hora e meia ou duas horas; um comentário local ou regional de cinco minutos, em não mais que meia hora, por profundo que fosse o tema...”
Ele atalhou: “Sua resposta, muito bem colocada, diz tudo: você foi dos que jogaram minhas malas-diretas no cesto de lixo. Joguei com esse risco por muitos anos, especialmente quando remetia os primeiros exemplares de meus trabalhos a um determinado órgão de divulgação. Havia redatores que não aceitavam aquele “rocambole” de várias laudas escritas e nem sequer abriam para conhecer o conteúdo... Mas eu continuava remetendo, até que – lá um dia – o redator de plantão estivesse possuído de uma “indisposição” (preguiça!) natural... Então ele resolvia finalmente ver o que havia naquele calhamaço que semanalmente chegava as suas mãos, quando ele, mirando o lixo, ainda afinava os ouvidos para ver o toque do “rolinho” no fundo da cesta... Então, lia, achava interessante e, como qualquer outro na mesma situação, passava a analisar o material e publicá-lo constantemente... Experimente isso, meu caro secretário: não desista jamais. Continue remetendo mil exemplares, dos quais mais da metade será nos primeiros meses simplesmente desperdiçada... É uma espécie de “aplicação a médio prazo, entendes? Bem, mas agora vamos ao chazinho da tarde, senão os passarinhos vão acabar chegando antes de nós sob o flamboyant...”

***********
Naquele mesmo fim de tarde voltamos à sala principal da casa da estância, a cuja direita ficava a rica biblioteca e escritório de Al Neto.
Os móveis eram invariavelmente pesados, de cor escura e havia muitos objetos por todos os lados. Ele observava que eu sempre olhava, detidamente, tudo aquilo sem nada exteriorizar e neste dia respondeu à minha curiosidade: “Há muito móvel centenário por aqui, desde os tempos dos meus avós. No entanto, cada coisa que é aqui posta tem uma utilidade prática ou um sentido sentimental para nossa família...” e olhou à parede posterior, onde estava a tela retratando sua saudosa mãe...

sábado, 30 de agosto de 2008

AL NETO (Afonso Alberto Ribeiro Neto) IV

A VACA MECÂNICA:

As ligações de Al Neto com pessoas e autoridades das mais elevadas esferas nacionais e internacionais eram notórias.

Personalidades das mais ilustres o visitavam freqüentemente.

Lá conheci muitos nomes de grande destaque político, financeiro, social e de muitos outros meios da vida brasileira de várias épocas, bem como do exterior.

Embora Al Neto tivesse, além da estância, uma confortável residência no centro urbano de Lages, onde permanecia sua esposa, ele dificilmente se detinha em seu endereço “da cidade”.

Discordo de quem o qualificou (ou qualifica) de esnobe: ele apenas selecionava, sem tolerância alguma, suas amizades (pouquíssimas na cidade).

Não creio ser esnobe quem, como ele, era freqüente presença em minha casa, localizada à Rua Castro Alves, um pouco além da Praça Joca Neves.
Não era uma casa de luxo, apenas confortável e de tamanho regular.

A primeira vez em que ele lá esteve, conversamos na sala de visitas, uma sala frontal que tinha, de um lado meu escritório e, de outro, a garagem, que consistia num prolongamento da própria cobertura geral da casa.

Não sei por quê, Al Neto mostrou desejo de conhecer as demais dependências. Percorremos a sala de jantar, a cozinha, dois quartos amplos e, na porta de trás, ele divisou uma edícula onde estava situada – de um lado – uma despensa grande e, de outro, uma churrasqueira e um vão aberto com algumas cadeiras de ferro batido, outras mais toscas e... uma cadeira de balanço do mais simples modelo que já conheci (desde os tempos do meu velho pai): era de longarinas com encaixes inferiores para “modular” a altura da reforçada lona que a envolvia.

Al Neto olhou a cadeira e sentenciou: esta vai ser minha cadeira doravante, todas as vezes em que eu aqui vier. E se acomodou nela, espichando o braço para alcançar a cuia de chimarrão que havia acabado de ser cevado. Desde a primeira vez, vislumbrando dali o Morro do Posto, passou a ficar por tempo indefinido trocando idéias e chimarreando...

Por aí se observa que sua personalidade marcante se encantava com coisas simples e muito diferentes do que ele desfrutava em sua estância.

Voltando ao tema inicial, um dia Al Neto me telefonou (para o gabinete), convidando-me para estar na estância para o almoço. Fui, como de costume, no traje em que me encontrava, pois sempre estava preparado para uma solenidade qualquer, requisitado ou não pelo Juarez.

Ao chegar à estância, deparei-me com um ilustre convidado de Al Neto, que fora passar ali alguns dias. Estava acompanhado da esposa que, assustadoramente, parecia sua irmã gêmea, tal era sua semelhança com a ilustra dama.
Pois a visita de Al Neto era, nada mais, nada menos que o Almirante Augusto Hamann Rademaker Grünevald, então vice-presidente da República.(e sua esposa). Viera passar alguns dias de férias com o seu amigo de longa data, Al Neto.

Na parte posterior da área frontal da estância, havia o setor de produção de sêmen charolês, como já foi dito. O Almirante perguntava muito, sobre os vários aspectos que envolviam a produção de sêmen. De repente o almirante pôs os olhos sobre uma fictícia criatura cuja pele vistosa havia sido uma vaca um dia.
O couro envolvia uma armação reforçada de ferro e, para quem olhava meio de repente, era uma vaca perfeita.

O almirante logo foi perguntando: “Al Neto, aqui na serra também brincam de boi-de-mamão, como no litoral catarinense (ele havia sido, quando capitão, titular da Capitania dos Portos da Laguna, quando conheceu os costumes e tradições litorâneas)???

Al Neto, com sobriedade absoluta, respondeu: “Não, presidente, esta é a vaca mecânica que, coberta pelo reprodutor, tem seu sêmen colhido em tubos de laboratório, diretamente do touro. É uma operação que utiliza somente a vaca mecânica, o touro e um serviçal que fica em seu interior na hora “H”..."

O almirante Rademaker jamais esqueceu isso. Quando íamos a Brasília, após uma amizade que se formara através de Al Neto, fazíamos do gabinete do vice, no edifício das Pioneiras Sociais, centro da Capital Federal, o nosso ponto de referência. Até porque seu chefe de gabinete era catarinense de Itajaí.

Ao chegar ao gabinete e notar nossa presença, além das cortesias de praxe, buscava um álbum de fotos que Al Neto tivera o cuidado de lhe dar e, nas páginas onde estava a “vaca mecânica”, detinha-se e soltava gostosas gargalhadas, exclamando: “Mas esse Al Neto tem cada uma....”

(continua)



sexta-feira, 29 de agosto de 2008

AL NETO (REGISTRO HISTÓRICO)

Do site da Asociação Brasileira dos Criadores de Charolês, extraímos o seguinte e histórico tópico:

Associação Brasileira dos Criadores de Charolês teve como primeiro presidente o Dr. Alberto Alfonso Ribeiro Neto (Al Neto), proprietário da Estância do Pinheirinho, de Lages - SC. (Fundada em 1958)

AL NETO (Afonso Alberto Ribeiro Neto) - III

Reproduzido abaixo um texto publicado na Internet de um dos comentários de Al Neto.

Seu estilo era enxuto, sem floreios nem adendos: firme, frases curtas e incisivas.

O texto contém vários aspectos internacionais de relevo para a época de 50/60 do século XX.


O rádio como instrumento de geopolítica
Na primeira metade da década de 1950, por exemplo, tornou-se
popular nos rádios brasileiros o comentário de Al Neto. Pretendia-se que
fosse um programa cultural, de informações científicas, educacionais e
políticas. Todos os dias muitas emissoras entravam em cadeia e ouvia-se
a emblemática Oh! Suzana canção bastante conhecida via Hollywood.
Em seguida à música de abertura, um speaker anunciava:
[...] este é o comentário de Al Neto: Nos bastidores do mundo. O que há
por trás das notícias. Ao microfone, Al Neto:

"Amigo ouvinte. O liberalismo está surgindo no mundo e no Brasil como
força polarizadora dos partidos democráticos. E isto se dá no momento
exato em que o socialismo, por outro lado, começa a perder os matizes de
direita e esquerda, para adquirir a cor uniforme dos partidos que desejam
o Estado onipotente.
Num comentário recente, eu te disse o que está acontecendo no Japão.
A tendência na dieta japonesa é para a formação de dois únicos partidos:
de um lado os liberais e, do outro lado, os socialistas. O mesmo se pode
dizer da atual situação na Itália e na França. A instabilidade que
observamos neste momento tanto na Itália como na França é o resultado
da divisão dos partidos democráticos. Se bem, tanto na Itália como na
França, os partidos democráticos representem a maioria do povo, não
conseguem resistir à pressão dos socialistas, porque se acham desunidos.
Por outra parte, os partidos liberais ou democráticos tanto na Itália como
na França estão sendo vítimas das concessões que fizeram aos partidos
socialistas. A queda de Degasperi pode ser atribuída, principalmente, à
reforma agrária que empreendeu sob inspiração dos socialistas. No Brasil,
já notamos também a tendência em direção aos pólos do pensamento
político e econômico do nosso tempo. Por cima de estruturas mais ou
menos artificiais, os nossos políticos principiam a compreender que
precisam se definir. O momento é tão crítico que tentar acomodações é
tentar a própria ruína. Os nossos partidos sentem que precisam dizer
claramente à nação se querem resolver nossos problemas por meio da
democracia ou por meio do socialismo. A crise que atravessamos é
conseqüência da nossa marcha desorientada para o socialismo. Marcha
desorientada porque não estamos seguindo uma linha reta para o
socialismo, como desejariam Domingos Velascos ou Raimundo Magalhães
Júnior. Estamos marchando para o socialismo em zig-zags, com hesitações
e recuos. Entretanto, esta marcha já é suficientemente dirigida para
comprometer o funcionamento da máquina nacional como nação
democrática. Certas iniciativas democráticas, como a do câmbio livre,
fracassam porque nossa economia já tem muitos laivos socialistas. A
precariedade da situação brasileira resulta do fato que não somos nem
flu , nem fla . Não somos uma nação democrática como provam a
existência de mecanismos controladores do Estado. Mas não somos,
tampouco, uma nação socialista. O senador Alencastro Guimarães disseo
muito bem: É tempo de tomar uma decisão. Os partidos brasileiros
começam a compreender, finalmente, que o pior é ficar no chove e não
molha . Talvez, nas próximas eleições possamos ver claramente quais
sãos os partidos liberais que querem a predominância do indivíduo ou do
povo e quais são os partidos socialistas que querem a predominância do
Estado ou da burocracia. E é certo que a nação vai votar por aqueles que
tiverem cor bem definida e não por aqueles que jogam com pau de dois
bicos."


Novamente ouvia-se Oh! Suzana, a canção que havia aberto o
programa e agora encerrava-o com o locutor anunciando: Acabaram de
ouvir o comentarista Al Neto. Voltem a ouvi-lo amanhã nesta mesma hora.
E agora, atenção! Se quiser receber gratuitamente publicação de interesse
para você ou de sua família, escreva para a caixa postal 4.712, 4-7-1-2, Rio
de Janeiro.
O tema era apropriado num momento em que o mundo ainda tinha
na memória a lembrança fresca da guerra contra o totalitarismo nazifascista.
O cronista chamava a atenção para o avanço do socialismo nos
países democráticos. Na Itália e na França o movimento socialista
avançava graças às benévolas concessões feitas pelos liberais. A queda
de um Primeiro Ministro explicava-se pela perigosa aventura de uma
reforma agrária socializante. O exemplo devia servir de aviso aos políticos
brasileiros. Deveríamos tomar uma decisão e não permanecermos em
posições dúbias. Deveríamos seguir as fórmulas de um Raimundo
Magalhães Júnior4. Ainda que deixasse aberta a idéia de livre escolha, Al
Neto fazia a crítica ao socialismo: o câmbio livre teria fracassado porque
nossa economia havia assumido características socialistas. O ouvinte, ou
o leitor, já que podia-se adquirir as crônicas pelo correio, tinha certeza que
o cronista pedia, tão somente, uma tomada de posição. Nossos políticos
deveriam escolher entre o liberalismo e o socialismo.
Os assuntos das crônicas diárias de Al Neto eram os mais variados:
liberalismo x socialismo; os antibióticos e as plantas medicinais brasileiras;
formação de técnicos; reforma agrária; classes produtivas socialismo
capitalismo de estado; democracia no Nepal; Guerra da Coréia. Apesar do
amplo leque temático, a base era uma só: as grandezas e vantagens do
mundo livre em contraposição ao mundo comunista.

2 Acervo sonoro do Arquivo Nacional.
3 Acervo sonoro do Arquivo Nacional.
4 Raimundo Magalhães Júnior, tido como um socialista fabiano, havia trabalhado no OCIAA em Nova
York durante a Segunda Guerra Mundial (TOTA, 2000).
Perspectivas, São Paulo, 27: 111-122, 2005

A crônica sobre o liberalismo no Brasil tinha um tom que sugeria,
como já se disse, um certo equilíbrio, indicando que, embora houvesse
uma posição ideológica no discurso, os políticos brasileiros deveriam tão
somente tomar uma posição clara. Num outro programa sobre a reforma
agrária na Guatemala, o radialista deixa mais clara a sua tendência
política:
Amigo ouvinte. Em todas as t ragédias existem, inevitavelmente,
passagens cômicas. Tragédia cem por cento tragédia só mesmo nos
brilhantes escritos do senhor Nelson Rodrigues. Na tragédia da reforma
agrária guatemalteca acaba de surgir um episódio cômico. O herói ou
será que eu devo dizer, o palhaço? é um certo senhor Esteves [...] que é
o administrador geral da reforma agrária na Guatemala. Esta reforma é
dos princípios esquerdistas da divisão forçada da terra [...].5
Qualquer dúvida, que ainda pudesse restar quanto o caráter pró-mundo
livre na luta contra o socialismo do pensamento de Al Neto, se
diluiria quando o desavisado ouvinte (ou leitor) soubesse quem era Al
Neto: cidadão brasileiro e editor de rádio da Embaixada Norte Americana
no Rio de Janeiro. Sua luta pela liberdade e pela democracia era conduzida
pelas mãos dos funcionários da United States Information Service e da
United States Inforation Agency, órgãos do governo americano que
surgiram nos anos imediatos depois da Segunda Guerra Mundial.
O programa de Al Neto fazia, portanto, parte do esforço da política
cultural americana de disseminação dos valores do liberalismo, do mundo
livre e, de certa forma, do americanismo. Assim, poder-se-ia contra-atacar
qualquer propaganda de caráter socialista ou comunista (muitas vezes,
como já se disse, na visão dos especialistas americanos, o nacionalismo
era confundido com ideologias de esquerda). Os EUA contavam, para
isso, com a experiência adquirida durante a Segunda Guerra Mundial,
com o Office of the Coordinator of Inter American Affairs de Nelson
Rockefeller. A única diferença é que, nas décadas de 1950 e 1960, o inimigo
era o comunismo e não mais o nazismo.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

AL NETO (AFONSO ALBERTO RIBEIRO NETO (II)

(Por Agilmar Machado)



“NOS BASTIDORES DO MUNDO”, comentário internacional versando sobre política, economia, finanças e atualidades, marcaram para a história do jornalismo latino-americano o nome de AL NETO.

Com sua voz possante e grave (no rádio e TV) não somente apresentou-os de forma impecável durante os anos do pós-guerra, como também sua produção cotidiana teve ampla difusão através dos mais conceituados veículos da imprensa, rádio e televisão, a exemplo da BBC de Londres, respeitáveis jornais de circulação global e veículos de menor audiência (rádios) e circulação (até semanários) nos mais recônditos rincões brasileiros).

Antes de travar amizade com esse mito do jornalismo, muitas vezes recebemos – em jornais e rádios onde atuamos – o seu “Nos Bastidores do Mundo”.

Jamais vinha só: com o famoso comentário dezenas de notas noticiosas.

O método da mala-direta adotado por Al Neto era peculiar: tudo vinha devidamente personalizado, embalado e etiquetado de forma cuidadosa.

Assim que a mim coube assumir a Secretaria de Turismo e Divulgação de Lages, como administrador de empresas turísticas (UFSM) e jornalista, ao inicio do Governo Juarez Furtado, em 1973, logo apareceu, no monumental e centenário prédio da Prefeitura, aquele cidadão cuja presença e postura impunha natural respeito: era AL NETO.

Já era conhecido de Juarez, porém, fora cumprimenta-lo pela posse e conhecer seus assessores, na maioria escolhidos entre especialistas em cada um dos setores administrativos preconizados pelo prefeito para realizar uma administração que correspondesse às suas expectativas e dos munícipes.

Em meu gabinete deteve-se.
Conversei por muito tempo, como o ilustre visitante que, parecia, fora sondar minha capacidade de gerir as atribuições que me estavam sendo confiadas, porém de forma sutil e muito discreta, como discretos eram todos os seus atos.

Ao final de uma palestra que se tornou descontraída, formulou um convite: visitar sua estância e lá almoçar.

Dia e hora aprazados e lá estávamos, após recebidos de porteira aberta por seu principal serviçal, com votos de boas vindas.

Desde aquela majestosa entrada, tudo passou a me impressionar: um gigantesco “5 em flor” sobre o pórtico de acesso.

Dali em diante uma confortável estrada particular cercada de taipas que mais pareciam de pedra polida: alinhadas com perfeição e, sobre estas, uma calha seguida na forma de floreiras, carregadas de belas flores de todos os matizes.

Jamais havíamos constatado tanto capricho e perfeição no que julgávamos ser apenas uma fazenda qualquer.

Nos verdejantes campos laterais, arvores se sucediam, algumas (julgamos) centenárias, mas perfeitas e viçosas.


Finalmente vi à minha frente uma imensa garagem onde os veículos se alinhavam impecavelmente limpos. Fui convidado a deixar ali meu carro.

À direita, o deslumbramento da casa da estância com seus amplos alpendres, tendo à frente uma gleba descomunal de pura grama, onde divisamos a figura de um vistoso cavalo puro sangue inglês e, por todos os lados, pássaros em profusão.

Agenda em mãos, o mordomo da casa veio até o portão, desejando-me boas vindas e convidando-me a “passar” (entrar).

Al Neto nos esperava no alpendre que mais parecia um imenso espelho ao olharmos para o chão.

Ali estavam postas duas confortáveis poltronas e uma mesa retangular de ébano.

Logo ao sentarmos e entabularmos conversa alguns pássaros, parecendo vir nos cumprimentar, pousaram no piso luzidio.

Um deles “aterrissou” no meu ombro esquerdo.

Lembro das palavras de Al Neto: “Aqui a vida está presente em toda parte... Veja que recepcionista garboso veio te dar as boas-vindas...”

Naquele santuário a convivência era assim mesmo: natural, sem artificialismos de espécie alguma.

Nosso cicerone novamente sentenciou: “Temos aqui todas as espécies da natureza da região, sem que sejam feridos seus espaços e seus direitos (que são mais antigos do que os nossos)”.

(continua)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

AL NETO (Afonso Alberto Ribeiro Neto)

AL NETO (AFONSO ALBERTO RIBEIRO NETO)

(Por Agilmar Machado)

O “5 em flor” é o símbolo histórico da modelar Estância Pinheirinho, a doze km do centro de Lages, após a ponte sobre o histórico Rio Caveiras (em cujas margens houve o sangrento combate envolvendo Giuseppe e Anita Garibaldi, do qual esses revolucionários saíram perdedores).

O “5 em flor” estava em sua fivela de prata, incrustado em ouro: a ponta inferior do cinco era rematada por um lírio de três pontas; estava na sela de seu cavalo puro sangue inglês, e até na lateral do teto de vinil de seu luxuoso automóvel, ou na camioneta que usava para percorrer o imenso campo de aveia verdejante, nobre ração para seu seleto plantel charolês (depois acrescido também da raça gir – popularmente conhecida por zebu).

Minha convivência com Al Neto foi extremamente próxima, enquanto estive – durante quatro anos – como secretário do Município de Lages, no planalto serrano.

Al Neto impunha respeito não somente pela sua figura vistosa e olhar firme, mas também pela imenso cabedal de cultura de que era detentor.
Falando ou escrevendo, sempre foi absolutamente correto: não se observava um lapso de concordância ou vício de linguagem.

Advogado, jornalista, escritor (poliglota) e impecável comentarista de televisão, retornou a Lages depois de viver, desde novo, na Inglaterra, Estados Unidos e Rio de Janeiro, exercendo atividades superiores junto a USIS (United States International Sistem), órgão de divulgação americana para os países de idioma de origem latina de todo o globo.

Esse notável personagem detestava mediocridade.

Metódico e reservado, era, às vezes, chamado de “snob” por muitos que não desfrutavam da sua seleta amizade e elevada atenção.

Sua pontualidade (herança da convivência britânica?) era algo impressionante!
A hora e o minuto eram importantes para Al Neto e ele os cumpria rigorosamente, até no chá da tarde, sob o frondoso flamboyant na imensa área de pasto verdejante e caprichosamente podado que ficava à frente da casa da estância: as 17h seus serviçais (devidamente uniformizados) o serviam numa elegante mesa de estreitas treliças que era posta ali com cadeiras no mesmo estilo, porém almofadadas.
Tudo o que se servia era geralmente importado e de primeiríssima qualidade no chamado primeiro mundo: biscoitos embalados em latas lacradas e de variados sabores, avelãs e queijos de toda espécie.

Se um encontro na estância era aprazado para as nove horas da manhã em sua vasta agenda, até para a celebração de vultosos contratos mercantis de venda de reprodutores ou de sêmen, ou para tratar da próxima exposição de Esteio de reprodutor Charolês, não havia tolerância de um minuto a mais. O retardatário eventual certamente teria que fazer meia volta e dificilmente seria novamente atendido por ele.

Al Neto foi o mais expressivo fornecedor de sêmen de charolês não somente para o país como também para a Europa e paises das Américas. A época, sua capacidade ultrapassava a do próprio órgão estadual oficial de agropecuária.

Um rio nascia e terminava dentro da estância. Suas águas eram tão limpas que uma pequena folha seca que eventualmente nele caísse parecia um enorme entulho manchando aquele impecável curso hídrico.

No lado leste: a centenária e imponente sede da estância, a estrutura de coleta e congelamento de sêmen, os grandes depósitos de forragem, os vários campos de manutenção e manejo de gado, o acesso geral à sede, as garagens, os abrigos do plantel e... o cemitério numa colina mais ao norte.

Havia (creio que ainda está preservada) uma reserva inédita nos dias de hoje. Tratava-se de uma gleba gigantesca de araucária de muitos anos, onde tudo era absolutamente preservado segundo a natureza intocada. Não somente as gralhas azuis, responsáveis pela disseminação do pinheiro, mas também ali se encontravam animais das mais variadas espécies nativas, convivendo harmonicamente. Eram comuns as aparições de velhos javalis, cujos dentes eram retorcidos pelos anos vividos. A ordem enérgica era de que ali se perpetuasse o santuário natural e imaculado para todo o sempre. Ao redor uma cerca de vários km de extensão, totalmente de arame farpado esticados em espaços paralelos que não ultrapassavam 15cm entre si e uma altura de 2 metros.

(continua)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O PIQUENIQUE DAS TARTARUGAS

"Uma família de tartarugas decidiu sair para um piquenique.

As tartarugas, sendo naturalmente lentas, levaram 7 anos preparando-se para o passeio.

Passados 6 meses, após acharem o lugar ideal, ao desembalarem a cesta de piquenique descobriram que estavam sem sal.

Então, designaram a tartaruga mais nova para voltar à casa e pegar o sal, por ser a mais rápida.

A pequena tartaruga lamentou, chorou e esperneou.

Concordou em ir, mas com uma condição: que ninguém comeria até que ela retornasse.

Três anos se passaram... seis anos... e a pequenina não tinha retornado.

Ao sétimo ano de sua ausência, a tartaruga mais velha, já não suportando mais a fome, decidiu desembalar um sanduíche.

Nesta hora, a pequena tartaruga saiu de trás de uma árvore e gritou:

- Viu, só ??? Eu sabia que vocês não iam me esperar. Agora que eu não vou mesmo buscar o sal !!!

-x-x-x-x-x-x-

Em nossas vidas as coisas acontecem mais ou menos da mesma forma.

Desperdiçamos nosso tempo esperando que as pessoas vivam à altura de nossas expectativas, do jeito que achamos que elas devem ser para nos agradar.

Ficamos tão preocupados com o que os outros estão fazendo que deixamos de escrever nossa própria História.

Como disse Mário Quintana: 'O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso'.

Viva sua vida e deixe de se preocupar com a opinião e o interesse dos outros por você.

O sucesso parece estar ligado à ação, ou seja: pessoas bem-sucedidas mantêm-se ativas. Elas até cometem erros, mas não desistem nunca".

(texto extraído da 'Revista Crescimento Pessoal e Motivação')

BLOG NORMAL

SANTA JACQUE:

GRAÇAS A OPORTUNA E PRESTATIVA INTERFERÊNCIA DA "SANTA JACQUE", MINHA ESTIMADA JACQUELINE BULOS AISEMANN, ESTE BLOG ESTÁ AGORA (E FINALMENTE, UFA!) RECEBENDO MENSAGENS NORMALMENTE.

É SÓ CLICAR NO FINAL DE CADA MENSAGEM, NO ÍCONE CORRESPONDENTE À MESMA, E ESCREVER.

...E FOI PRECISO A SOLUÇÃO VIR DE GENEBRA, SUIÇA... COISA DE MUNDO MODERNO!!!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

HISTÓRIA DA TELEFONIA

FRAGMENTOS HISTÓRICOS

Implantação dos telefones
O telefone apareceu no Brasil após visita de Dom Pedro II ao Centenário do Estados Unidos, em 1876.
No na seguinte foram estabelecidas normas para a implantação do sistema e em 1879 o Imperador concedia espaço para a exploração da atividade.
O governador catarinense Adolfo Konder empenhou-se para trazer a Santa Catarina o novo sistema, sendo implantado em 1930 em Florianópolis.
Oito anos antes Porto Alegre já possuía telefones.
O prefeito de Criciúma inicia conversações para obtenção do telefone em Criciúma, ligando a cidade a Tubarão.
Em agosto de 1937 era instalada uma central com 50 aparelhos no Edifício Filhinho, onde é hoje o Café São Paulo, no coração da cidade.
O primeiro aparelho foi instalado no Hotel do Comércio, sendo que a primeira pessoa a atender uma chamada, na ausência do prefeito Elias Angeloni, não encontrado no momento da primeira chamada, foi o historiador Pedro Milanez.
Os 50 aparelhos de Criciúma eram movidos à manivela.
A telefonista Malvina atendia e conectava com o número interessado.
Era um sistema deficiente, caro e sem muita utilidade. Em 1951 o jornal Folha do Povo publica um contrato para quem quisesse adquirir um aparelho.
A ineficiência do serviço telefônico ocorria porque oferecer serviços de telefonia exigia, entre outras coisas, fôlego financeiro para ampliar e melhorar a rede telefônica. Mas a Companhia Catarinense, uma empresa privada, objetivava em primeiro lugar o lucro, sem no entanto, melhorar qualidade das ligações.
Se a ligação fosse para fora da cidade não havia previsão de quanto tempo seria necessário para completá-la.
Em finais de 1962 já haviam se passado quase dois anos desde a fundação da Companhia Telefônica Criciumense, órgão que gerenciava o sistema na cidade. A empresa lidava com várias dificuldades e com a cobrança dos usuários pela melhoria dos serviços e a instalação dos telefones automáticos.
Os automáticos apenas propiciavam mais rapidez nas ligações, já que não se dependia mais da intervenção da telefonista para efetuar ligações municiais. No entanto, na década de 1960, a maior reivindicação de vários setores urbanos era simplesmente possuir um telefone, já que não havia lugares na mesa telefônica para comprar.
Em 1965, havia espaço para 230 ramais, instalados nas casas mais abastadas.
O jornal Tribuna Criciumense questionava o porquê da falta de aparelhos em Criciúma.
O fato é que a Companhia Criciumense de Telefones não possuía capital para empatar na compra de uma central maior. Alem desse motivo, havia dois outros fatores que dificultavam a ampliação da rede de telefones em Criciúma: para ampliar a mesa telefônica só adquirindo uma nova, com capacidade para mil telefones e, para muitos o pagamento seria fácil, porém, para a maioria seria oneroso demais.
Como seria possível para CCT disponibilizar mil novos aparelhos na cidade, sem conseguir aumentar o número de assinantes dispostos a contribuir com a elevada prestação mensal?
Outro entrave era a correção monetária, que aumentava mais o custo.
Em novembro de 1966, Wilson barata viaja ao Rio de janeiro a fim de firmar, junto ao Contel e à firma Brickson, o contrato para compra de nova central.
Com o acordo firmado, veio a Criciúma um engenheiro para verificar a localização da nova mesa e assim determinar algumas diretrizes para a elaboração da nova sede da Companhia Criciumense de Telefones.
Em 1967 a família Ganzo detinha o controle dos serviços telefônicos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
Essa prática de concessão da telefonia a particulares não existia mais nos demais estados brasileiros.
Comprar uma nova central exigia muitos recursos e foi comprada então uma central usada, mas em bom estado, da cidade de Santos.
Em 1967 ainda, já instalados ma nova sede ao lado dos Correios, um sistema com bateria punha a funcionar uma mesa com capacidade para mil aparelhos.
Em 1970 o governo federal cria novas políticas relativas á telefonia, estatizando o sistema, encampando a Companhia Telefônica Catarinense, passando-a à Telesc.
O sistema somente foi privatizado no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, propiciando salto tecnológico e democratizando o acesso, inclusive de telefonia móvel.
Atualmente o Brasil tem mais telefones celulares que fixos.

(Fonte: Adriana Fraga Vieira - Boletim da Câmara Municipal de Criciúma-SC)

DO GÊNIO CHARLES CHAPLIN

O Caminho da Vida

"O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.

A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela.

A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.

Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis.

Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.

Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade.

Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura.

Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido".

(O Último discurso, do filme O Grande Ditador)

Charles Chaplin

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

AOS MEUS PÓSTEROS

HISTÓRIA DE UMA VIDA (II)

O Grupo Escolar David do Amaral ficava localizado no final da Avenida Getúlio Vargas (Araranguá), quando esta se prolongava somente até a descida para o bairro Urussanguinha, na parte alta da cidade.

Ali iniciei meus estudos primários e depois complementar.
Concomitantemente entrei para o Grupo de Escoteiros, começando como "lobinho", pois não chegara ainda aos oito anos de idade.
Depois das aulas havia duros treinamentos, tendo como instrutor, Alyrio Silva, e Carlos Hugo Stokler de Souza (filho do então interventor municipal, Tenente Rui Stockler de Souza e de dona Ondina), como monitor.

Não bastassem todas essas atividades, a mim cumpria "fazer as voltas" de casa (visto que dois anos depois de mim nascera uma menina) : pela manhã, padaria do Zé Guidi e Açougue do Quirino, antes de ir para a aula. No período da tarde, papai me incumbia de "passar" os telegramas e postar cartas na agência dos Correios e Telégrafos (com seu Janga ou seu Mingote), além de comprar selos para suas petições e demais documentos, na coletoria cujo titular era um velho italiano chamado Santi Vaccari.

Tudo isso não me impedia, ainda, de desenvolver meus projetos particulares, ao completar oito anos.

Certo dia cheguei em casa com uma velha bicicleta Wanderer (alemã), aro 26, em sofrível estado (pois já havia sido encostada há muito tempo no "aluguel" de bicicletas de Elane Garcia, depois de "britada" por centenas de clientes).
Papai, que não dava moleza e foi logo perguntando de quem era "aquilo".
Eu, extremamente orgulhoso, enchendo o peito, retruquei: "É minha"!
Entre meio abismado e desconnfiado, o "velho" continuou sua implacável "inquisição": "Como sua? Com os trocados que você recebe por semana, nunca conseguiria comprar isso ai! Explique-se melhor.
Não tive como esconder e abri o jogo para o "velho", tirando de uma sacola um macacão de mecânico besuntado de óleo e pó: "estou há um mês trabalhando nas oficinas da Transportes Araranguaense (empresa de Apolônio Ireno Cardoso, Bernardino e Ari Máximo da Silva, que detinha as linhas de ônibus interioranas, posto de gasolina (Texaco), ambos os setores dirigidos por Osvaldo Zin; fábrica próppria de carrocerias dirigida por um alemão chamado Urbano, além de uma imensa oficina mecânica de serviços gerais, onde eu trabalhava (privilegiadamente) ao lado de Pedro Laurindo, na seção de recondicionamento de motores (minha paixão, até o mano Ariovaldo me levar para a Rádio Eldorado de Criciúma, em 1949.
O "velho" estava estático, porém, com um semblante de orgulho com o que constatava, embora não fosse exatamente aquela vida que ele desejasse para seus filhos.
Comecei esmerilhando válvulas e, durante os anos que se seguiram, passei a conhecer muito de motores e mecânica em geral.
Pedrinho Laurindo era uma sumidade em sua especialidade, tendo inclusive rejeitado convite da Ford para montar motores em São Paulo!

Pagavam-me 500 "pilas" por mês. Meu primeiro mês de trabalho já acabara aplicado na velha Wanderer que me proporcionou mais incômodos do que prazeres...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

RAÚL BORDALE - CANTOR INTERNACIONAL DE TANGOS

Agradecimiento tanguero

De:
rbordale

Para:
agilmar.machado@bol.com.br

Assunto:
agradecimiento tanguero

Sr.Agilmar Machado.

Quiero agradecerle mi enclusión dentro de su acabada exposición referente al TANGO,en una pagina de internet,por ahora voy a dejarle mi endereço de São Paulo que es donde vivo actualmente aunque soy nacido en Lincoln,Pcia.de Buenos Aires y criado en nuestra capital.

Saludos,

Raúl Bordale

LIVROS

Livros
De:
">Mario Luiz Fernandes
Para:
agilmar.machado@bol.com.br
Assunto:
Livros
Data:

Caro Agilmar:


Sou professor do curso de Jornalismo da Univali e gostaria de saber como adquirir seus livros A História da Comunicação do Sul de Santa Catarina e Os 150 anos da Imprensa Catarinense, uma vez que não consigo encontra-los nas livrarias de Itajaí.

Grato pela atenção.

Mario Luiz Fernandes

(Mário Luiz: aconselho-te a procurar o meu mano Aderbal, jornalista em Balneário Camboriu, que parece que tem alguns números a mais do livro por ti procurado. Caso contrário, o Mercado Livre está vendendo, via internet, como usados. A edição normal está esgotada, infelizmente... Grato e abraços do Agilmar)

SOBRE "EL TANGO EN EL BRASIL"

Pesquisa sobre tango no brasil

De:
">Filipe da Silva Alberti

Para:
agilmar.machado@bol.com.br

Assunto:

Pesquisa sobre tango no brasil

Olá Agilmar, tudo bem?
Sou aluno da ECA-USP, licenciatura em música, e estou começando um projeto sobre o tango no Brasil.
Pesquisando na internet achei um texto seu, Tango no Brasil, parece que estava vinculado ao site TODOTANGO, achei bem interessante pela listagem dos grandes nomes que perteceram ao cenário, no Brasil.
Lá você fala sobre o Carlos Lombardi, gostaria de saber se ele ainda está vivo mesmo, se teria como eu entrar em contato com ele, como vou falar também sobre como o tango tomou conta da paisagem sonora brasileira, tanto em audições em disco com em apresentaçõe ao vivo, seria muito interessante poder falar diretamente com um personagem que participou e viveu intensamente a época.
Me parece que você também é um estudioso do assunto, se você se interessar poderia te mandar o esboço do meu projeto e assim realizar algumas discussões. Aguardo resposta.

(Caro Felipe: Já respondi tua pergunta por e-mail. Mas para os demais leitores, devo dizer que, lamentavelmente, o grande Carlos Lombardi faleceu há poucos anos. O impecável cantor – por muitas vezes – arrancou entusiásticos aplausos cantando tangos na cidade de Buenos Aires. Um abraço).

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

PP-RUT (IV)

Para:
machado.agilmar

Assunto:

Lembranças do Varelinha

Data:
14/03/2007 13:54

Sou sobrinho de Alba Medeiros Varella, viuva do Varelinha.

Um dos acidentes do tio Newton aconteceu em Ilhota Grande, distrito de Tubarão, onde eu morava quando criança. Ví quando o PP-RUT veio ao chão após tres tentativas de decolar em uma cancha reta.

Atualmente moro em Buzios RJ.,e por acaso descobri mais uma das aventuras do tio.

Como não consegui imprimir pediria a gentileza em me enviarem por e-mail a façanha da salvação do jovem de Urussanga. Se puderem colaborar comigo desde já agradeço.

José Arquimedes N,Medeiros

(José Arquimedes: logo ai abaixo você vai finalmente encontrar toda a bela e heróica história de seu tio, Newton Varela. Tive problemas de tranferir do site da Academia de Letras, que possui um forte sistema de segurança para as matérias publicadas)

PP-RUT (III)

Senhor Agilmar, que bom saber que tenhas gostado da notícia do queridoRUT. 30 anos?

Eu tinha exatamente 1 ano de idade.

Eu sou muito saudosista eessas histórias me fascinam.

O PP-RUT continua lá, firme e forte estampado na fuselagem daquele que é um dos mais conservados Paulistinhas em atividade no Brasil (se não for omais conservado).

Será uma honra enviar fotos para que o Sr. possa rever o RUT.Um grande abraço,

Gerson

PP-RUT (II)

Respeitável Comandante Gerson: recebí, com imensasatisfação, as notícias sobre o sempre querido PP-RUT,cujas lembranças ainda estão bem presentes (...e lá se vão EXATOS 30 anos...) bem como de seu saudosoproprietário inicial, o Varelinha.
É claro que ficariagratíssimo se fosse obsequiado com uma ou mais fotos do nobre paulistinha, cujos relevantes serviços continuamsendo prestados (como um desígnio incomum para umsimples avião).
Ainda estampa o PP-RUT na barriga ?
Um grande abraço, com toda a consideração do Agilmar

PP-RUT - (I)

PP-RUT
De:
">Gerson Silva
Para:
agilmar.machado@bol.com.br
Assunto:
PP-RUT
Data:

24/10/2003 02:10

Senhor Agilmar, muito prazer, meu nome é Gerson Silva sou piloto comercial e proprietário de uma Escola de Aviação no Rio de Janeiro e lendo a sua crônica sobre o Paulistinha PP-RUT, gostaria de informar-lhe que o mesmo continua na ativa, firme e forte. O proprietário da máquina é um Coronel Reformado da FAB (Cel.Av. R/R Márcio Carneiro) que agregou ao Aeroclube de Nova Iguaçu para vôos de instrução. Informo-lhe ainda que o "bichinho" está tinindo. Muito bonito e muito bem conservado. Se o Sr. desejar, lhe envio fotos do RUT, pois estarei lá em Nova Iguaçu neste sábado.

Um grande abraço,

NEWTON VARELA

Ícaro do Sul
(A NEWTON VARELLA)

(Por Agilmar Machado, da Academia Criciumense de LetraS, patrono e ocupante da Cadeira n.21)


O mais famoso avião particular da região sul catarinense, nas décadas de 50/60, pertencia ao então Juiz de Direito, exímio piloto e instrutor de pilotagem aérea, Newton Varella, o Varelinha.O prefixo que seu elegante “paulistinha” ostentava era PP-RUT.
Sua influência buscou esse prefixo em homenagem à dona Ruth Varella.O nome de Varelinha marcou época na história da aviação no sul catarinense, pelos seus meritórios princípios.Tendo servido, como juiz, em várias comarcas da região sul catarinense, por onde passou, Newton Varella sempre devotou especial carinho e atenção à aviação civil.Inúmeros são os pilotos que obtiveram brevês, graças aos completos e precisos ensinamentos de Varelinha. Dentre outros, podem ser enumerados: Dite Freitas, Adamastor Rocha, Waldir Neves, Frederico (Lila) Casagrande (Criciúma), Omero Clezar, Manoel Salvato (Nelinho), Edgar Orige (Araranguá), José Trento e Aurélio Trento (Urussanga), além de tantos outros que prestaram relevantes serviços à comunidade, com seus pequenos aviões.José Trento foi continuador da obra de Varella na região de Urussanga, por volta de 1953, quando este deixou aquela Comarca, ministrando aulas de pilotagem num improvisado campo de pouso localizado numa propriedade de Estação Cocal.
Na verdade uma pastagem de relativas proporções gentilmente cedida pela família Meneghel onde, antes de cada procedimento de pouso ou decolagem, cumpria ao próprio piloto ou aspirante espantar o gado para um só lado da propriedade, deixando livre o trilho já definido pelos pneumáticos dos vários paulistinhas que ali operavam.Quando em terra taxiava-se pelo pasto para repontar os bichos; se no ar, os rasantes eram a única forma de fazê-lo.Com a saída de Newton e, conseqüentemente, de seu eficiente e sempre disponível Rutinha, foi doado ao modesto aeroclube de Urussanga um aparelho que prestara serviços de instrução na entidade congênere de
Itajaí. Estava “no osso”.
Com os conhecimentos mecânicos de José e Aurélio Trento, o avião foi todo reformado, não sem antes terem alguns aventurado voar nele da forma que chegou: motor “baleado”, fuselagem toda remendada com adesivos, circuito elétrico comprometido e sistema de combustão bastante deficiente: em alguns pontos dos condutos mechas eram usadas para sanar vazamentos.A bóia do reservatório de combustível não funcionava: tinha-se que usar uma varinha qualquer para medir a gasolina e se ter certeza de que havia reserva suficiente pelo menos para alguns minutos no ar. Era um potencial gerador de panes, até então.Varella era natural de Laguna. Ao se aposentar, estagiou por um considerável período como observador brasileiro junto à NASA.Depois de cair 28 vezes, ele, como José Trento, vieram a falecer em acidentes rodoviários... Ironia do destino!

HONRA AO MÉRITO

A Standard Oil do Brasil (ESSO), conhecida multinacional de petróleo e derivados por muitos anos manteve nas rádios, Farroupilha, de Porto Alegre, Tupi, de São Paulo, Nacional, do Rio de Janeiro, dentre poucas mais do norte e nordeste brasileiro, o famoso noticiário “Repórter Esso”.Herón Domingues, gaúcho de São Gabriel, foi, indubitavelmente, o mais correto apresentador do impecável noticioso, na Rádio Nacional, além de ter chegado à direção da privilegiada emissora estatal com a saída de Vitor Costa.A ele foi confiado um famoso quadro-homenagem, na emissora, do conceituado patrocinador (ESSO), que constituía na outorga periódica de medalhas de ouro de Honra ao Mérito, a brasileiros que notoriamente se destacassem de alguma forma muito especial.Foram relativamente poucos os aquinhoados com tal distinção já que precedia a escolha dos contemplados uma minuciosa pesquisa e acuradas análises procedidas por uma rígida comissão de julgamento.Newton Varella foi um dos mais comentados agraciados, especialmente pelo motivo que o levou a ser selecionado para a honraria, tendo merecido uma ampla cobertura na inesquecível festa de entrega, frente a destacadas autoridades nacionais, na cidade do Rio, então capital federal.Naquele tempo as operações aéreas noturnas nesta região simplesmente inexistiam, pela carência de segurança nos campos de pouso e, no caso dos aviões menores, pela precariedade dos próprios equipamentos de vôo.O teco-teco, como era chamado carinhosamente o popular monomotor paulistinha, possuía apenas manche, cabo de aceleração, altímetro e controle de combustível por gravidade. O tanque ficava localizado exatamente à frente do pára-brisa, no nariz do avião, com uma bóia de cortiça na parte interna do reservatório, ligada por um filete de aço à parte superior externa.Na extremidade superior uma bolinha vermelha (como bóia de pesca), marcava a disponibilidade de combustível, na base do “olhômetro”...É evidente que, com equipamento dessa rudimentar categoria, seria humanamente impossível procedimentos de subida ou descida em qualquer aeroporto, durante a noite.Mas Varella nunca acreditou no impossível, enquanto pilotou seu avião. De todas as 28 vezes que veio ao solo em “queda livre”, somente um osso de costela quebrado foi o saldo dos acidentes sofridos.Ria-se, contando somente episódios positivos, até de suas quedas! Ele não soube somente voar; foi exímio também em cair... com proverbial competência!Aos discípulos prevenia freqüentemente durante as informais aulas teóricas e mesmo em vôo: “em caso de pane irreversível, quando a última esperança abrir a sanefa e cair fora, façam de conta que vocês são compostos unicamente de cabeça e espinha dorsal: protejam essas duas partes da carcaça. O resto deixem quebrar que tem funilaria lá em baixo prá remendar”.

SOLIDARIEDADE HUMANA

Quando ainda em Urussanga, certa noite Varella foi acordado por uma aflita mãe cujo filho tinha, bloqueando a traquéia, uma semente de melancia. Estava à beira da morte.Os recursos médicos da região haviam sido esgotados.A única alternativa era levar o paciente para São Paulo, onde poderia ser operado. Mas para isso havia um restrito prazo. Cada minuto se fazia precioso, pois poderia ser o último.Solicitado, Varelinha não teve dúvidas: reuniu seus inseparáveis amigos, irmãos José e Aurélio Trento e Padre Agenor Neves Marques, para que iluminassem o irregular potreiro do Meneghel.Três automóveis seguiram para lá e se postaram estrategicamente em ambas as cabeceiras da pista improvisada.Somente Varella e o menino agonizante, ocupavam os dois únicos bancos do pequeno Paulistinha.Noite fechada. Ar pesado. Expectativa. Apreensão. Olhares se cruzavam, preocupados.Parece que contrariando tudo isso, ali estava o Rutinha, focinho ligeiramente empinado, com um ar de arrogância, aguardando orgulhoso e impassível sua missão: acionado o “start”, um facho de fumaça-rica explodiu luminoso, expelido pelos escapamentos laterais.Sorte lançada: destino final, São Paulo.
Sem iluminação alguma a não ser a tênue luz do painel a aeronave logo rasgou o espaço e sumiu na densa escuridão.Na lembrança dos que presenciaram a subida, ficou, por alguns minutos, o roncar firme exibindo a saúde do confiável motor Continental que equipava o valente PP-RUT, o Rutinha, como era carinhosamente chamado.É claro que, ao invés de uma vida, a partir daquele momento extremo, duas muito preciosas estavam em jogo com um mínimo percentual de chance de sobrevivência para ambas. Até o mais inexperiente aluno era capaz de avaliar a gravidade do momento.Por isso a apreensão dos que ficaram, foi evidente, especialmente pelo que Varelinha representava para todos; porém, se dependesse de sua coragem e competência ele era capaz de tentar a façanha até de planador, não fosse a longa distância que o desafiava.Na escuridão que se seguiu logo após a subida houve quem comentasse, a título de “consolo”, que, se o pior viesse a acontecer, Varella se despediria do mundo certamente como mais almejava (se tivesse escolha): empunhando o manche de seu avião.Até por que ele era mais que um simples piloto, era um mito da aviação civil no interior do Brasil.
Seu nome foi uma lenda viva, infinitamente maior como aviador, do que como Magistrado.Tomou a rota marítima, guiado pelas constelações e eventuais cidades litorâneas que conhecia a fundo, até pelos escassos luminosos de néon que eventualmente possuíssem.Para abastecimento, programou o primeiro pouso em Florianópolis, onde não teve problemas devido à quase total ausência de fiscalização das autoridades aeroviárias naquela hora da noite. Abastecido, levantou novamente.Em Curitiba, após enfrentar violenta turbulência, comum na região do Vale do Itajaí, oficiais da aeronáutica civil já o aguardavam, alertados posteriormente à decolagem de Florianópolis, por alguém que não estava entendendo o que acontecia e denunciara o piloto, via rádio.Ao descer no aeroporto Afonso Pena, em cujas proximidades, pouco anos depois morreriam, Nereu Ramos, Leoberto Leal, Jorge Lacerda e Sidney Nocetti (quando da queda de um Convair 440 da Cruzeiro do Sul. Em 1958), Varella foi interceptado e ameaçado de detenção e também de apresamento do avião.Identificou-se como juiz, mas pouco adiantou. Então, desesperado, começou a implorar, aos prantos, que a ele concedessem a oportunidade de salvar uma vida. A vida de um adolescente que merecia viver e estava às portas da morte, e no interior do avião.Um oficial, após checar a exígua cabina do Rutinha e a veracidade do que dizia, enternecido pelo desespero de Varella, permitiu a decolagem.Novos perigos na rota seguinte, em face de irregularidade geográfica do terreno que propiciava mais e violentas turbulências.Na noite cerrada, ele a tudo venceu galhardamente.Quase pela manhã, pousava, ainda clandestinamente, no movimentado aeroporto de São Paulo. Novamente graves problemas com o controle de pousos e decolagens. Afinal, um “penetra” furara o movimentado espaço aéreo e burlara a lei, arriscando-se em meio a dezenas de aviões de carreira em sucessivos procedimentos de pousos e decolagens!Novo clamor. Veio uma ambulância.Quando esta chegou, Varella passou as devidas instruções aos para-médicos, pondo o seu paciente a caminho do hospital, em cujo centro cirúrgico iria ser operado, de imediato, o adolescente.Chorava, desta vez de felicidade.
Ato continuo, Varelinha ofereceu as duas mãos para ser algemado e preso, bem como estendeu a chave de partida de seu avião. - “Agora sim - balbuciou com a voz embargada - prendam-me! Façam-no em nome da Lei”.
As próprias autoridades aeroportuárias, durante os episódios da noite, haviam passado à imprensa, a notícia de um pequeno avião que vinha clandestinamente do sul rasgando o espaço aéreo e pretendia chegar a São Paulo.À chegada de Varella, a imprensa invadiu o aeroporto e procurou inquirir o piloto.Ao tomar conhecimento dos motivos que o levaram a toda àquela temerária aventura, tudo mudou: a partir daquele momento, estava escrita, no honroso currículo de Newton Varella, uma das mais emocionantes histórias da vida de um piloto particular e de um homem de bem.Quiçá o mais comovente registro da pujante epopéia de toda a longa trajetória de heróicos feitos da aviação civil deste país.
-o-
Esta singela homenagem que tributamos à inesquecível figura de Newton Varela, rabiscada na forma de um esmaecido registro (que não fosse ora efetuado poderia injustamente cair no mais lamentável esquecimento), dedicamos aos seus familiares, às memórias de João Pacheco dos Reis, o Pachequinho, Valdir Neves, Nelinho, Dego Orige, Aurélio, e José Trento; à sensibilidade do extremoso Monsenhor Agenor Neves Marques, à lealdade do também saudoso Dite Freitas, aos encomiosos sentimentos de Adamastor Rocha, amigos inseparáveis de Varelinha, e, de forma toda especial, verdadeira e reconhecida, ao nobre Juiz Newton Varela Filho e ao major paraquedista, Clávius Varella, irmão de Newton, em cujas veias corre o mesmo e bravo sangue do nosso inesquecível amigo.
-o-
Que fiquem gravadas, de forma indelével, nos anais da história da aviação civil precursora do sul catarinense, duas fases referenciais honrosamente distintas: tudo o que se relaciona à aviação no sul, será ilegítimo se não tomarmos, como parâmetros básicos, dois únicos períodos: o que antecedeu e o que sucedeu a empolgante trajetória de Newton Varella, cujos exemplos na arrojada forma de voar, no total desprendimento e na sempre presente solidariedade humana, foram simplesmente notáveis. É pena que nossa memória geralmente não busque alcançar exemplos grandiosos como este e de tantos outros heróis, anônimos ou não, que um dia passaram pela vida legando-nos tão belos, assinalados e sábios ensinamentos!
É pena...
-o-
Com os nossos respeitos, “velho pintacuda", onde você estiver sobrevoando a imensidão do agora perene "céu de birgadeiro" (A.M.).

Agilmar Machado
Revista Acadêmica II

OS JORNAIS DE 1831 A 1970

"Sem exceção, todos os jornais editados no sul do Estado de Santa Catarina eram semanários, quinzenários ou mensários.

Já comentamos ligeiramente que cada um possuia uma determinada linha ideológica ou filosófica, fosse movida pela divulgação social, político-partidária ou por interesses econômicos.

Pouquíssimos desses órgãos subsistiam com relativa folga financeira (como até hoje!).

Os preços dos anúncios eram por demais aviltados, não cobrindo muitas vezes sequer os valores finais das tiragens, que incluiam despesas administrativas de oficinas, redação e circulação.

Também já aludimos, de passagem, ao imenso trabalho que requeriam esses órgãos e ao sacrifício a que estavam expostos, por conseqüência, seus diretores, funcionários e colaboradores.

O papel (Klabin) em resmas, era adquirido na Companhia T. Janer, da capital gaúcha, que somente remetia as encomendas pretendidas mediante a antecipação das importâncias para pagamento integral dos pedidos.

Quem não possuía cadastro regular na firma tinha que depender de outros jornais que o possuísse".

(Do livro "História da Comunicação no Sul de Santa catarina", de Agilmar Machado, página 77, capítulo 06)

domingo, 17 de agosto de 2008

COMUNICAÇÃO PRECÁRIA COM O BLOG

AOS QUE DESEJAREM SE COMUNICAR OU INSEFRIR COMENTÁRIOS NESTE BLOG, ACONSELHAMOS FAZÊ-LO - DE FORMA PRECÁRIA - ATRAVÉS DO E-MAIL: jorn.machado@folha.com.br

GRATO A TODOS.

AOS MEUS PÓSTEROS

DIÁRIO DE UMA VIDA - I

1938 – Anunciada na então minha pequena cidade de nascimento, anunciava-se, para as primeiras horas da noite, a inauguração festiva do sistema de iluminação de um enorme espaço frontal a nossa casa, onde mais tarde seria a principal praça pública, zelosamente cuidada pelo jardineiro e especialista em botânica, Ernesto Gratz, genro do velho dono da pensão, Thomaz Luz (tio da esposa do nosso estimado engenheiro Jacopo Tasso).
A expectativa era de euforia, como fato muito importante para a vida comunitária do lugar. Junto com meu “velho”, estava eu enfiado entre suas pernas (com os meus quatro anos de vida) sem entender muito bem o que estava sendo ali esperado. Sabia que era algo importante pelas presenças na aglomeração de familiares do nosso multi-compadre de meus pais, João Bento de Souza (próspero comerciante e vizinho natural de Cangicas - conterrâneo, portanto, do falecido artista da Rede Globo, Gilberto Martinho - , chefe de numerosa família. Um de seus filhos (Antônio) foi meu padrinho), o Juiz de Direito, Dr. Scarpa, o farmacêutico, Altícimo (sic) Tournier, genro do lagunense e também farmacêutico, Antônio Medeiros, Prefeito Caetano Lumertz, Coronel Trojillo de Mello (pai de D. Flávia, depois esposa do conhecido radialista, Nelson Almeida), Delegado de Polícia, além de muitas outras importantes pessoas da época.
De repente...FIAT LUZ!
E as hoje arcaicas lâmpadas semelhantes a uma pequena manga, tenuamente lançavam seus albores pelos arredores, formando dezenass de “círculos” no chão gramado, sob seus refletores esmaltados.
Finalmente o conhecido português, José Firmino Leitão, sócio do Padre Antônio Luiz Dias (que me batizou), sócios da empresa da qual meu pai foi permanente advogado, cumpriam uma missão a mais: a inauguração da iluminação pública de Araranguá, com energia gerada numa modesta hidrelétrica localizada na vila de Meleiro (hoje Município), recônditos do Vale do Araranguá.
Foi essa a primeira lembrança que retive na memória, racionalmente!

23 ANOS DE VIDA ROTÁRIA

Após cumprir duas etapas como presidente (1988/89, em Araranguá, e 1988/89, em Tubarão), atingimos 23 ANOS DE VIDA ROTÁRIA, contabilizando, ainda, além dos Clubes já mencionados, ROTARY PORTO ALEGRE RODOVIÁRIA, ROTARY SOL E MAR (FLORIANÓPOLIS) E ROTARY CLUBE LAGUNA, seis passagens como Diretor de Protocolo, duas como Diteror Secretário e algumas avenidas de serviço.

Embora afastado por compromissos que me impedem de manter a necessária freqüência, é-me grato estar, quando posso, com meus amigos dessa honrosa lista de rotarianos que compõem o ROTARY CLUBE LAGUNA.


Rotary Club de LagunaFundação: 20/04/1946.
Reuniões: Quinta-feira – 20:00 horas – Laguna Praia Clube.
Presidente:Gil Ungaretti Neto

Av. Senador Galotti, 123, sala 01Mar Grosso – Laguna – SC.CEP: 88790-000
Tel.: Res: (48) 3647-2174Com: (48) 3647-0845Cel: (48) 9981-3566
E-mail: gilimoveis@gilimoveis.com.br
Secretário:Antônio Cláudio Quirino RamosRua Voluntário Fermiano, 48.Centro – Laguna – SC.CEP: 88790-000Tel: Res: (48) 3647-0628Com: (48) 3644-6722Cel: (48) 9916-0196E-mail: antonio@agtlaguna.tur.br

Sócios:

1. Agilmar Machado
2. Aldo A. Massih
3. Aleir R. Moreira
4. Anderson Souza
5. Antônio Batista
6. Antônio Constantino
7. Arlei Pacheco da Rosa
8. Arquimedes de Souza
9. Aurélio Grott (IN MEMORIAM, representado por seu filho, o jovem Aurélio Grott Neto)
10. Carlos Alberto Hartz
11. Dalton J. Souza
12. Fidelix José Nazareno
13. Flávio João Borges
14. Gil Ungaretti
15. Gustavo Barzan
16. Jorge Leonel de Souza
17. Manoel Cardoso
18. Márcio de A. Ferreira
19. Marcos da Silva
20. Mario Zuquinalli
21. Mauri Wisintainer
22. Nilson Algarves
23. Nilton L.Coan
24. Osmar Girelli
25. Otto Rampinelli
26. Paulo Magalhães
27. Rafael F. Siqueira
28. Roberto Vieira
29. Robson dos Santos
30. Roger Henrique
31. Valdo Luiz Viana
32. Vilberto A. Felipe

SEGUNDA ETAPA DA CARREIRA

Com a benção de seus microfones, e discursos no idioma italiano, alemão, polonês e portugues, há mais de 56 anos entrava no ar a Rádio Difusora de Urussanga ZYT-22, hoje Rádio Marconi. Fundada em 1951 pelo Monsenhor Agenor Neves Marques, a mesma foi instalada e inaugurada em 1952, sob a orientação do Engenheiro Sidney Morato da STP de São Paulo. O primeiro cast da emissora foi formado por Agilmar Machado, Evaldo e Zenaide Luciano, Maria Damiani Batista, Ida Bez Batti, Olindina Bettiol e Marcolino Trombin.

(Primeira etapa: Rádio Eldorado de Criciúma - ZYR-6 - iniciada em fins de 1949)

sábado, 16 de agosto de 2008

NOSSAS RAÍZES DO VELHO MUNDO



Neste estudo encontramos controvérsias a respeito da origem do sobrenome MACHADO. Alguns afirmam que é apelido canário oriundo de Portugal que se estabeleceu em La Orotava município da Espanha na província de Santa Cruz de Tenerife maior das ilhas do arquipélago das Canárias, comunidade autônoma das Canárias.Embora a polêmica, tem se ao certo que o sobrenome Machado é de origem Lusitana de uma das famílias de Portugal.Lusitânia é nome alternativo para Portugal, cujo território corresponde, grosso modo, ao da província romana da Lusitânia, cujo nome deriva do étnico lusitani, com o sufixo ia, sendo assim designada por nela viverem os Lusitanos.Os lusitanos são vistos como os antepassados dos portugueses. Eram um povo celtibérico que viveu na parte ocidental da Península Ibérica. Primeiramente, única tribo que vivia entre os rios Douro e Tejo.Alguns genealogistas dizem que os Machados são do tronco dos “de Riba-Douro”. Outros afirmam que a raiz desta família veio aos Machados progenitores da Casa dos Condes da Figueira.Ribadouro é uma das 4257 freguesias portuguesas dos 308 concelho de Baião que é uma vila portuguesa no Distrito do Porto, região norte e sub-região do Tâmega.Os Condes Figueira é título criado por D. Maria I, rainha de Portugal no decreto de 13-05-1810. Conde é palavra do latim comes, comitis, que significa «companheiro», é o senhor feudal, tenente de terras denominadas condados e eram nomeados pelos monarcas. O Palácio dos Condes da Figueira esta localizado na freguesia portuguesa de Graça no conselho de Lisboa.Os Condes da Figueira foram:1º Conde da Figueira foi José Maria Rita de Castelo-Branco, ( 1788 + 1872),2º Conde da Figueira José Jorge Machado de Mendoça Eça Castro Vasconcelos de Castelo-Branco, (* 1828 + 1918) ,3º Conde da Figueira Luis José Machado de Mendonça Eça Osório Castelo-Branco Vasconcelos e Sousa, ( 1861 + 1939),4º Conde da Figueira D. Jorge Francisco Machado de Castelo-Branco, (1865 + 1942)5º Conde da Figueira. Bento de Carvalho Daun e Lorena, (1890 + 1960)6º Conde da Figueira. Bento do Carmo de Sousa e Vasconcelos de Carvalho, 6º conde da Figueira ( 1944 )Aparentemente sabe-se que foi introduzido a Alcunha de Machado a um cavaleiro contemporâneo de Dom Afonso II de nome Martins Pires e este passou o apelido a um de seus filhos chamado de Martim Martins.Ao que tudo indica provem da região localizada ao Norte Atlântico de Portugal, Entre-Douro-e-Minho , que é composta pela união do Douro Litoral e do Minho . A família dos Machados é das mais antigas de Portugal.Alguns genealogista indicam que a ascendência inicia com Moninho Viegas, o Gasco, senhor com possessões em Arouca (vila portuguesa no Distrito de Aveiro, região Norte e subregião do Entre Douro e Vouga) ,casou-se com Valida Trocozendes, nascendo Egas Moniz de Ribadouro (977) casado com Toda Ermiges nascendo os filhos Moninho Hermigues, o Gasco, Egas Moniz, e, Ermigio Viegas, senhor de Ribadouro (1020 +1047) casado com Unisco Pais (1030) tendo o filho Monio Ermiges, senhor de Ribadouro (+1050) que casou com Ouroana (+1060) teve os filhos D. Mem Moniz de Riba Douro (+1100) casado Gontinha Mendes e depois com Cristina Gonçalves da Astúrias e, Egas Moniz, o Aio (1080+1146), casado com Dordia Pais de Azevedo (+1080) e teve os filhos Lourenço Viegas (1110) Afonso Viegas, o Moço ( 1110) ,Mem Viegas ( 1100) Rodrigo Viegas , Hermígio Viegas , depois casou-se com Teresa Afonso (+1100) tendo os filhos Dórdia Viegas (1130 ) Soeiro Viegas ( 1130);Elvira Viegas (1147) Urraca Viegas (1130) .Egas Moniz, dito «o Aio» (?-1146) rico-homem portucalense, da linhagem dos Riba Douro, uma das cinco grandes famílias do Entre-Douro-e-Minho condal do século XII. A este incuberam-lhe a educação de D. Afonso I, primeiro Rei de Portugal (1109 +1185), filho de Henrique de Borgonha (1066 +1112 ) Conde de Portucale desde 1093 e de Teresa de Leão (1080 + 1130) filha ilegítima do rei Afonso VI de Leão e Castela , e da galega Ximena Rodrigues, que quando casou em 1093 trouxe o senhorio do Condado de Portucale.No território de Portugal, no período de reconquista, havia dois distintos Condados Portucalenses ou Condados de Portucale. O primeiro fundado por Vímara Peres após a presúria de Portucale (Porto) em 868 e incorporado ao reino da Galiza em 1071. O segundo foi constituído 1095 em feudo do rei Afonso VI de Leão e Castela e dado a Henrique de Borgonha (1066 +1112), que veio auxiliá-lo na Reconquista de terras dos Mouros. Este condado era maior em extensão, e abarcava os territórios do antigo condado de Coimbra suprimido em 1091 , partes de Trás-os-Montes e o Sul da Galiza da diocese de Tui dependente de Leão e Castela , regidos por D.Urraca I (1080/1126) rainha de Leão (1109/1126) de Castela (1109/1126) de Toledo (1109/1126) e da Galiza (1109/1112), filha de Afonso VI o Bravo (1039/1109) e da segunda esposa Constança da Borgonha casou-se duas vezes, a primeira com Raimundo da Borgonha (+1107 que tinha o condado de Amous e recebeu o feudo pelo casamento os condados da Galiza , Portugal (entre os Rios Minho e Douro e Coimbra , tiveram o filho Afonso Raimundes - Afonso VII de Leão (1126 - 1157 e Castela (1126 1157 ) cognominado o Imperador - rei da Galiza (1 de Março 1105 +21 de Agosto 1157 foi rei da Galiza (1112 - 1157 ) em segundas núpcias com Afonso I de Aragão de cognome «o Batalhador» sétimo decendente da linhagem dos reis de Leão e Castela . Esse casamento foi arranjado por Afonso VI em 1106 com o objetivo de unir e liderar militarmente os dois estados cristãos contra os Almorávida por serem bisnetos de Sancho III de Navarra - o casamento foi anulado em 1114 pelo Papa Pascoal IITeresa de Leão (1080 +1130); em 1128, faz a primeira doação de que há notícia aos Templários o castelo de soure localizado na vila, Freguesia e Concelho de mesmo nome , Distrito de Coimbra , em Portugal , e as terra de Soure uma vila portuguesa no Distrito de Coimbra , região Centro e subregião do Baixo Mondego. Em 24 de Junho de 1128 , Dom Afonso Henriques ou D. Afonso I cognominado O Conquistador; também conhecido como o Fundador e o Grande (25 de Julho de 1109 + 6 de Dezembro de 1185 ) com vinte anos, eleito chefes dos Barões e primeiro rei de Portugal filho de Henrique de Borgonha(1066 +1112), Conde de Portugal e da infanta Teresa de Leão (1080 +1130); temendo a influência galega sobre Portucale trava a Batalha de São Mamede entre e as tropas da infanta Teresa de Leão sua mãe, do conde galego Fernão Peres de Trava , que se tentava apoderar do governo do Condado Portucalense . As duas facções confrontam-se no campo de São Mamede, perto de Guimarães Afonso Henriques vence a mãe, Teresa de Leão , e adquire o controlo do Condado Portucalense , declarando-o principado independente de Guimarães cidade portuguesa no Distrito de Braga , região Norte e subregião do Ave .Em 1127 Afonso VII de Leão e Castela (1 de Março 1105 - 21 de Agosto 1157), cognominado o Imperador, Imperador da Espanha, rei da Galiza entre 1112 e 1157 , e rei de Castela e de Leão e de Toledo entre 1126 , filho da rainha Urraca de Castela e de Raimundo de Borgonha , batizado como Afonso Raimundes, prestou vassalagem para vários reis peninsulares e também ao Condado Portucalense.Egas Moniz comunicou ao Imperador que o primo aceitou a submissão. Com o Condado Portucalense, o conde D. Henrique e a rainha D. Teresa transformaram-a na sua residência, ali nascendo o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, transformando-a em capital do condado, substituindo Guimarães. Afonso Henriques rompe os laços que o ligavam a Afonso VII (Imperador da Espanha) e declara guerra e invadindo a Galiza, travando-se a batalha de Cerneja (1137 ), da qual saem vitoriosos os portucalenses.Como Afonso Henriques não cumpriu o combinado pelo seu aio, Egas Moniz, este seguido pela esposa e filhos, vai para Toledo, capital imperial, e coloca sua vida e da família a disposição do imperador para garantir o juramento de fidelidade que havia feito a nove anos antes. O imperador, impressionado com a atitude agracia com seu regresso a Portucale. Após a sua morte Ega Moniz foi sepultado no Mosteiro de Paço de Sousa que fica situado em Paço de Sousa, no concelho de Penafiel , Distrito do Porto, Portugal.Esta é uma resenha das remotas raízes da Família Machado. Não sabemos ao certo quando os Machados chegaram ao Brasil. Se tem informação que é uma família numerosa e, estão fixados em todos os estados Brasileiros. A investigação no site , site que cataloga os assinantes da telefonia fixa, localizamos no Brasil 162236 denominação Machado. No Estado de Santa Catarina 12536 nomes e, no município de Ararangua localidade onde se desenvolveu esta linhagem achamos 218 famílias.Continuamos buscando outras informações.Sobrenome ou apelido de família é a porção do nome que está relacionada com a ascendência e, ligado ao estudo genealógico.Conhecer a origem dos sobrenomes indicará de onde certa família descende, no que trabalhava ou, conhecer algumas características dos ancestrais.Na cultura portuguesa é costume os filhos receberem um (ou mais) apelidos de ambos os progenitores,entretanto, os apelidos "maternos" precedem os "paternos” o número máximo de apelidos permitidos é quatro.O Registro Civil é o termo jurídico que designa o assentamento dos fatos da vida de uma pessoa tais como: -nascimento; -casamento e; -morte. Também são passíveis de registro civil as interdições, as tutelas, as adoções, os pactos ante-nupciais , o exercício do pátrio poder e outros fatos que afetam diretamente a relação jurídica entre diferentes cidadãos.O registro das pessoas remonta à antigüidade, mas se aplicava apenas àquelas que possuíam o título de cidadãos (homens livres). Após a queda do Império Romano, a Igreja Católica ficou responsável pelo registro das pessoas e dos títulos. Todavia, manteve a tradição de registrar fatos que envolviam apenas pessoas com posses, sejam de ordem eclesiástica, dinástica ou nobiliárquica.A primeira vez que se estabelece o registro universal dos batismos e das mortes (sepulturas) foi em 1539 com a Ordenança de Villers-Cotterêts no Reino da França. Entretanto, foi com o fim do Concílio de Trento em 1563 que se tornou obrigatório o registro de batismos, matrimônios e mortes de todas as pessoas do mundo católico.No início do século XIX o registro civil universal e laico foi criado com o Código Napoleônico de 1804. Nos territórios sob o domínio de Napoleão Bonaparte foi adotado o novo código e, a partir daí outros países do mundo sofreram a influência adotando também este sistema.O registro civil em Portugal foi instituído na Constituição portuguesa de 1911 e determinou também que os registros paroquiais (batismos, casamentos e óbitos) fossem transferidos às Conservatórias do Registro Civil de cada concelho português.No Brasil o registro civil é um serviço público delegado a privados responsáveis pelos Cartórios do Registro Civil e iniciou em 1875, e tornoundo-se obrigatório em 1890 com a Lei do Registro Civil.