quarta-feira, 6 de maio de 2009

TRIBUTO À MEMÓRIA DO JORNALISTA CÉSAR MACHADO (na A.:R.:L.:S.: REI DAVI-FLORIANÓPOLIS)

HOMENAGEM A ATTHAUALPA CÉSAR MACHADO


JUAREZ FONSECA DE MEDEIROS


Ao amigo e irmão César Machado,

Creio que o Templo Maçônico é o local mais adequado para prestar esta homenagem singela à Atthaualpa César Machado que com esmero, dedicação e amor consagrou boa parte de sua vida a esta Sublime Instituição.

Ele e eu percorremos lado a lado um caminho não muito longo, mas de bom tamanho para sedimentarmos uma amizade verdadeiramente fraterna. Paradoxalmente, juntos, convivemos muito pouco, pois nossa amizade se forjou quando já tínhamos percorrido bom pedaço da vida. Nos últimos tempos nosso contato era quase diário, mas de maneira virtual. Poucas vezes nos encontrávamos, mas nunca deixou de existir aquele “elo espiritual” que, verdadeiramente, une as pessoas. Aqui cabe bem aquele velho dito popular que diz: “para estar junto não precisa estar perto e sim do lado de dentro”.

Hoje essa amizade se estende aos demais membros de sua família: a esposa, Dona Zélia do Canto Machado, aos filhos, José Clésio e Osires, Juízes de Direito e César Filho, escritor, aos netos e aos irmãos.

Foi em 1929 que a então pequena cidade sulina de Araranguá viu nascer César Machado. Lá, sob os cuidados e carinho paternos viveu ao lado de seus irmãos uma infância feliz e cheia de liberdade. De calças curtas e pé descalço, na companhia de seus irmãos Ariovaldo e Agilmar, no Grupo Escolar David do Amaral teve os seus primeiros contatos com o mundo das Letras. A partir daí, pelo seu insaciável apetite pela leitura, tornou-se um filólogo de primeira grandeza. Mesmo afastado há muito de sua cidade natal, nunca a perdeu de vista e nutria por ela um carinho todo especial.

Foi um jornalista nato, dedicando-se tanto ao rádio como ao jornalismo escrito. Com 20 anos, já em 1949, era redator e locutor da emissora de rádio de Araranguá. No ano seguinte transferiu-se para a Rádio Eldorado de Criciúma e nesta cidade, angariando simpatia e amealhando amigos, elegeu-se vereador, exercitando o mandato por três anos.

Por sua postura ética, caráter exemplar e lealdade aos amigos e companheiros, não foi difícil na eleição seguinte, já de volta à Araranguá, alcançar sucesso ao cargo de vereador daquela comuna. Concomitantemente, exerceu as funções de jornalista e radialista.

No final dos anos 50, mudou-se para Tubarão para exercer o cargo de Secretário Municipal, a convite do então Prefeito Dilney Chaves Cabral. Logo após, ocupou o cargo de secretário da Fundação Educacional do Sul de Santa Catarina, hoje UNISUL.

Na década de 60 transferiu-se para Florianópolis, exercitando o jornalismo e o radialismo e posteriormente, já nos anos 70, na Fundação Catarinense do Trabalho exerceu as funções de Coordenador Estadual do SINE – Sistema Nacional de Emprego.

Tive a honra de tê-lo como colaborador, quando exerci as funções de Secretário de Estado do Trabalho e posteriormente, de Administração do Estado de Santa Catarina. Em ambas as pastas foi Secretário Adjunto. Honra, competência e lealdade foram atributos que nunca lhe faltaram.

Ingressou na Maçonaria em Tubarão, no ano de 1970. Dedicou-se a ela com o maior entusiasmo, em todas as missões que lhe atribuíram, notadamente, à redação e revisão de discursos, palestras, peças de arquitetura e outros trabalhos relacionados ao jornalismo maçônico, por saber-se da sua erudição e capacidade intelectual.
Nos últimos 40 anos de sua vida, deu o melhor de si à maçonaria, filho que era de Manoel Telesphoro Machado, o mais antigo maçom sul-catarinense, à época, iniciado na Loja Fraternidade Lagunense, em 1912.

César Machado morreu no dia 15 de janeiro de 2009, vítima de um enfarto enquanto dormia. Seu corpo foi cremado e os anjos conduziram seu espírito iluminado para o oriente eterno.


Valho-me das palavras do seu irmão Ariovaldo para o epílogo desta homenagem: “olho à noite para o poente, sobre as imensas serranias escuras e te vejo lá: a estrela mais nova brilha e vibra como um corcel indócil por distâncias. És tu e estás alegre e feliz, porque tua alma é doce e teu espírito é leve”.

Ficaram aqui suas idéias e ideais, os quais fazem parte da doce lembrança que hoje é patrimônio daqueles que tiveram o privilégio de com ele conviver.

Foi irmão, amigo e mestre. Obrigado César Machado por ter convivido contigo