quarta-feira, 26 de agosto de 2009

À MEMÓRIA DE NELSON ALMEIDA - (I)

Uma das personalidades mais marcantes do rádio catarinense da década de cinqüenta foi, sem dúvida, Nélson Alves de Paula Almeida, ou simplesmente Nelson Almeida, como era amplamente conhecido, especialmente no grande sul catarinense e, depois, também em Florianópolis.
Em 1954, em Laguna, o conheci e, quando iniciei minhas atividades na Rádio Difusora, Nélson e Aryovaldo (meu mano) já providenciavam a transferência da concessão da emissora – vendida por Nélson - a um grupo do antigo PSD (Partido Social Democrático), tendo como principal sócio o então deputado federal lageano, Joaquim Fiúza Ramos, irmão de Nereu, Celso e Vidal Ramos. Era procurador deste o saudoso Major Pompílio Pereira Bento, na época Gerente do Loyd Brasileiro, empresa estatal de navegação de cabotagem.
E foi em função disso que Nèlson e Aryovaldo seguiram, em 20 de agosto daquele ano para o Rio de Janeiro, então Capital Federal. Viajaram pela Cruzeiro do Sul, cujos aviões (Douglas DC-3) pousavam no aeroporto local e com a qual a Rádio Difusora Possuia convênio (passagens X publicidade).
Instalados no Hotel Itajubá (Cinelândia), uma espécie de “quartel general” de catarinenses no Rio. Além de freqüentes contatos com Joaquim Ramos, que residia na então Capital Federal, ambos também contaram com a participação do representante da emissora, Alceu N. Fonseca, para que este os ajudassem na tramitação da documentação junto às repartições competentes.
No dia 23, véspera da aprazada volta à Laguna, a dupla não deixou por menos: à noite, resolveu visitar as mais caras casas do centro sofisticado, fazer compras em luxuosas casas, e “estourar” o que lhes restara de dinheiro, resguardando apenas o suficiente para o hotel e algumas despesas com táxi, lanche no aeroporto e outros pequenos compromissos.
No dia posterior, levantaram radiantes, embora com os bolsos quase a zero e foram até a portaria para ordenar a descida da bagagem e a chamada do táxi.
Ai veio o inesperado problema, muito maior do que ele pudessem supor!
Ao porem a cara na porta do Itajubá o cenário era aterrador: canhões, tanques, centenas de soldados fortemente armados! O Exército nas ruas!
Getúlio dera fim à própria vida naquela madrugada e tudo estava absolutamente bloqueado: ninguém saia sequer da quadra onde estavam.
O gerente do Hotel Itajubá, embora franqueando hospedagem por mais dias, graças a intercessão de Alceu Fonseca, no entanto não iria “subvencionar” outras despesas fora do estabelecimento!
O dinheiro super curto e a situação de sitiados que viviam obrigou-os a tomar outras atitudes, dentre estas passar a massas – e somente massas – na conhecida Espeguetilândia, que ficava situada exatamente defronte ao Itajubá.
E se empanturraram de espaguete durante todo o tempo em que durou a presença de tropas nas ruas. Ao chegarem em Laguna, relutaram em contar esse detalhe, mas afinal acabaram por contar a baita baianada que experimentaram…

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