quinta-feira, 4 de setembro de 2008

IMPORTÂNCIA DOS REGISTROS HISTÓRICOS

PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA (ARARANGUÁ)

Sabe-se que tempo houve em que um único município abrangia o extremo sul catarinense: Laguna, onde a imprensa existiu praticamente logo após o primeiro surto desenvolvimentista.

Brito Peixoto, ao deixar impressões da terra que escolhera para situar a futura cidade, já estava divulgando, através de cartas históricas, a região.

Muitos anos depois, em 1880, surgia a cidade de Araranguá (que teve outros topônimos como, Capão da Espera e Campinas), desmembrada de Laguna.

Na velha Araranguá dos fins do século dezenove, surgiram algumas personalidades que tiveram decisiva influência na história, através de escritos deixados e editados definitivamente no ano de 1987.

Uma obra cujo valor histórico retrata pormenores da vida de então, muito embora tenha sido elaborada como singelo “diário” de um telegrafista dos correios e telégrafos.

Seu nome: Bernardino de Senna Campos, nascido no Desterro em 1873, filho de Domingos Gomes Dias Campos e Maria Rosa de Campos.

Todo o acervo deixado por Senna Campos e cedido por descendentes deste, foi cuidadosamente analisado e selecionado pelo saudoso Padre João Leonir Dall’Alba, composto e impresso na Imprensa Oficial e distribuído pela Editora Lunardelli, de Florianópolis.

No exemplar da primeira edição que possuo em minha biblioteca, em manuscrito, na primeira página do pesquisador Dall’Alba:

“Agilmar Machado, você colaborou e incentivou o autor desta obra, melhor dizendo, o organizador. Por isso o reconhecimento do Pe. João Leonir Dall’Alba.
Araranguá, 23/01/87”.

O compêndio do diário de Senna Campos, embora direcionado mais aos fatos ocorridos no seio de sua família - seu trabalho, suas viagens -, acaba abrangendo nomes e fatos marcantes da velha Araranguá, desde sua, já então, intensa vida social, até a ferrenha política gerada antes e pós a proclamação da República.

Em 1904, meu avô – Coronel Bernardino Machado, fundador de Palhoça – após ter sido prefeito nomeado e posteriormente eleito de sua terra natal e deputado constitucionalista, desgostoso com alguns fatos políticos, escolheu Araranguá para viver. Ali construiu sua casa (onde nasci) herdada depois de sua morte por meu “velho” – em 1916.

Meu pai – bem mais novo do que Senna Campos, após ter com este encontrado ao embarcar no vapor Berlink I, encetou longa e conturbada viagem de Florianópolis a Araranguá, tendo então nascido entre os dois uma sólida amizade.
Assim narra Senna Campos o início dessa amizade (“Memórias do Araranguá”, pág.94, ref. dia 24/02/1904):

“...Antes do iate suspender (âncoras) da Prainha (Fpolis), chegou, a toda pressa, a bordo, uma canoa com três pessoas, vindas da cidade, sendo uma delas um moço, de roupa preta, bem trajado.

Vinha solicitar uma passagem para o Araranguá.

Cumprimentando-o, soube chamar-se Manoel Telésforo Machado, que já residia em Araranguá com seu pai, Coronel Bernardino Machado, que fora chefe político de Palhoça.

Residia na vila há um mês.

Tinha ido à Capital fazer exame na Instrução Pública para exercer o cargo de professor naquela vila.

Travamos logo relação e ficamos amigos especialmente por pertencermos à mesma facção política e crenças religiosas, o Espiritismo, que já vinha sendo estudando há tempos e tomado gosto!!!...”

Essa obra compilada pelo Padre Leonir tem 176 páginas, testemunhos isolados de um tempo que, não fora um diligente telegrafista, cairia infalivelmente no ostracismo...

Daí a nossa concepção de publicar tudo o que vivemos a vimos durante os anos passados por aqui.

É uma das mais preciosas heranças culturais que podemos deixar à humanidade:

A HISTÓRIA!

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