sábado, 2 de agosto de 2008

QUANDO SE VIRA PEÇA DE MUSEU


(Por Agilmar Machado)


A implacável marcha do tempo não deixa a menor dúvida de que já somos algo assim como mastodonte que pensa e escreve... E as marcas vão surgindo, sem nos conceder sequer uma remota chance de nos defender das rugas na cara (como um mapa físico enfeitado com nariz, olhos, boca e esse horrível "adorno" que se chamam orelhas), da barba branca (como velhos cavalos de olaria).
Aí nos pomos a matutar, a reviver o que passou na nossa vida, o que fizemos nesse tempo todo, velhas lembranças que talvez até nos ajudem a alicerçar essa carcaça velha já quase em ponto de rumar para a sucata!
O velho Xirú Antunes Severo costuma dizer que somos (em rádio e jornal) "testemunha ocular da história". Se por um lado isso nos delega a autoridade de rememorar com precisão as coisas que se foram, por outro denuncia as mais de sete décadas que nos pesam sobre o cangote!!!
Sem contar com o longínquo ano de 1949, quando – criança – entramos na Rádio Eldorado de Criciúma, vou adiantar um pouco o escorrer da areia da ampulheta e saltar para os dias atuais, que nos trazem, bem na frente dos olhos, os testemunhos irrefutáveis que o velho amigo e competente fotógrafo Almiro Bacha, da Laguna dos anos 50, legou para a posteridade.
Cem anos da Comarca. E lá estávamos nós, em todos os principais atos solenes, microfone em punho, ao lado do Doutor João Marcondes de Mattos, então Juiz de Direito da Comarca, registrando os fatos. Só que isso já faz 52 anos! E a Comarca já tem 152 anos! Na mesma semana, a inauguração do Museu Anita Garibaldi. Cheio de peças que contavam a história de tempos imemoriais, cujo acervo agora compomos, pois lá estávamos de traje branco, anunciando a palavra do ilustre e saudoso professor Rubem Ulisséia, dando-o por inaugurado.
Depois de um ano (1957), mais dois fatos irrefutáveis: o cinqüentenário do Clube 3 de Maio, do Magalhães. Outra vez lá está o então belo mancebo, todo engomado, apresentando as cerimônias; dias depois (em 1957) era fundada a Escola de Samba "Os Democratas". E lá estávamos novamente não só compondo seus quadros, mas ainda mais: como seu fundador e primeiro presidente.
Já diziam as velhas ciganas dos tempos do velho Coronel Bernardino Machado (velho avô dos Machado, fundador da Palhoça): "As cartas não mentem jamais". Hoje, para esse seu sexto neto: "As fotos não mentem jamais!".
Mas o torniquete aperta mesmo é quando conferimos esses velhos retratos e vemos que, os de nosso redor nas fotos, todos já estão, definitivamente, "na horizontal"!!!
Isto quer dizer: queiramos ou não (mesmo que arrastando ambos os calcanhares), seremos os próximos a embarcar como o derradeiro dos moicanos...
Que a terra nos seja leve... como último consolo...

Nenhum comentário: