sexta-feira, 8 de agosto de 2008

"DIA DOS PAIS"

Neste “Dia dos Pais”, data criada – de certa forma – para alimentar a economia do comércio de todos os tamanhos e ramos de atividades, creio que o melhor que fazemos é dizer a todos os que têm filhos: Dia dos Pais é todo o dia durante toda a vida, tenhamos filhos menores ou maiores, naturais ou legítimos, mas FILHOS.
Filhos que são a nossa eterna preocupação, estejam onde estiverem, com a idade que tenham – na casa paterna ou em locais distantes do globo - e até aqueles que se foram para sempre. Estes talvez sejam os que mais os pais têm em especial lugar de seus corações. E ao invés de com eles festejarem numa data como esta, fazem o que fazem cada vez que deles se lembram (e se lembram sempre): deixam uma lágrima de saudade e inconformismo, pela ausência definitiva, rolar pelas faces maceradas.
Pai é aquele que, tendo seus filhos legítimos, teve a virtude de adotar para si outros filhos, de outros pais, mas que são para ele tão queridos quanto os seus.
Pai é aquele que a esses filhos dá seu nome e o alinha na genealogia de sua família.
Creio que temos, sim, durante o tempo que hoje vivemos, de nos preocupar com o mundo cruel que aguarda os pequenos seres que ainda não conheceram a malícia de uma comunidade global desenfreada, em inabalável corrida à disputa pela vida – como em guerra campal.
Em nossa mente jaz a pergunta: como fazê-lo???
Dar a nossos filhos a melhor e mais confortável vida, muito embora saibamos que o amanhã incerto poderá tolhê-los, sem saberem enfrentar o mundo que aí está?
Ensiná-los sobre os malefícios que campeiam, sob pena de despertarmos neles o interesse de conhecê-los e desafiá-los imaturamente ?
Darmos tudo aos nossos filhos, carro, bons estudos, mesadas fartas e liberdade de adultos, sem sabermos se o carro poderá se converter numa máquina mortífera; os estudos esquecidos quando a tentação das más companhias rondar suas vidas; mesadas fartas que poderão ser “aplicadas” em perniciosos vícios?
Ou então aplicar a teoria que Confúcio reuniu em uma só frase: “Ensine a seu filho a vida, porém sempre com um pouco de fome e um pouco de frio”, a fim de mostrarmos a eles que a vida não é fácil de ser enfrentada e os sofrimentos podem estar presentes a qualquer momento...
Na minha fase de vida, hoje, preocupam-me os ausentes filhos que tenho e os filhos de meus filhos – meus netos -, e fico feliz quando consigo uma comunicação qualquer com eles: é sinal evidente de que estão bem...
Há poucos dias ainda tive um carro roubado em uma cidade vizinha. Um de meus filhos o havia deixado no estacionamento de seu prédio e os larápios o levaram de madrugada. Depois de uma busca até então inglória, meu filho me telefona para dizer: - “Pai, tenho uma péssima notícia para ti: roubaram teu carro!”
E eu, sempre preocupado com o bem-estar dos meus, simplesmente respondi a ele, possuído de um imenso alívio:

- “Meu filho, que bom que estás vivo...”

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