Muitas coisas belas e reconfortantes passam pela nossa vida e, de forma incoerente com os nossos sentimentos, não as valorizamos devidamente.
Adoro recordar tempos idos e intensamente vividos e recordar o que – se não for lembrado – irá caindo no esquecimento e acaba no completo ostracismo.
Acompanhei todos os passos da TV-Tupi, desde os seus primórdios. Foi, afinal, a primeira estação de TV a ser inaugurada no Brasil.
Já num primeiro instante, logo após o acionamento da chave de seus transmissores RCA Victor, pelo jornalista e proprietário da Rede Associada, Assis Chateaubriand, as belas surpresas nos eram brindadas com a sensibilidade da verdadeira arte.
Foi o momento em que o grande tenor mexicano, Pedro Vargas (além de excelente artista também uma figura humana notável), era anunciado aos telespectadores..
Iniciou um verdadeiro desfile de seus próprios sucessos, liderando um grupo de artistas brasileiros também.
A Tupi dos velhos tempos não media esforços para fazer o melhor. Aqui no sul, montou, em Porto Alegre, a TV Piratini. Esta retransmitia os principais programas daquela, como também tinha alguns espaços locais.
Um dos primeiros artistas a ser incluído na programação da Tupi, para apresentação de produções artísticas de auditório, juntamente com sua mulher, foi Airton Rodrigues (e Lolita Rodrigues).
Eles formavam um par intensamente aplaudido, embora a idade avançada de Airton já fosse visível. Não foi um grande apresentador, mas teve qualidades notáveis: direcionou seu programa ao saudosismo, em especial.
Em “Almoço com as Estrelas” nasceu um nome que marcaria indelevelmente a sensibilidade de quarentões para cima, nascido em São Paulo em 08 de novembro de 1923 (falecido há três anos e alguns dias (19 de janeiro de 2007).
Descendente direto de italianos do Bexiga, depois de cumprir algum tempo na Tupi, organizou sua própria companhia de espetáculos e começou a percorrer o Brasil inteiro com o seu famoso “Baile da Saudade”.
Depois de ser motorista de táxi durante muitos anos, eis que triunfava o ídolo dos salões dos freqüentadores da terceira idade que o idolatravam.
Francisco Petrone era seu nome de nascimento. Abrasileirou-o para Francisco Petrônio (que afinal também vem da Roma antiga...)
Somente aos 38 anos veio a iniciar sua carreira. Chamavam-no de “A voz de veludo do Brasil”.
Quem o descobriu, ainda no táxi e cantarolando, foi a cantor Nerino Silva que, entusiasmado, o levou diretamente à Tupi e o apresentou a Cassiano Gabus Mendes, então diretor artístico da emissora. Contrato imediato tanto para a TV como também para a Rádio Tupi.
A música “Baile da Saudade” bateu todos os recordes de vendas de sua época (1964).
Labutou incessantemente durante 46 anos ininterruptos. Gravou 55 discos 78rpm e CDs.
Em 1964 criaria Petrônio o Baile da Saudade, inicialmente através da TV Paulista – atual Globo.
Depois disso, além das viagens, gravou programas para a TV Bandeirantes, TV Gazeta, TV Cultura, TV Record e, finalmente, a Rede Vida, com o programa, Cantando com Francisco Petrônio”.
Suas três paixões: a família, cantar (aplausos, claro) e o Palmeiras.
Deixou, além da viúva, dona Rosa, três filhos e seis netos.
Sua maviosa voz não deixa de ser lembrada e aplaudida até hoje, através das gravações e vídeos que deixou. Este, como tantos outros do mesmo quilate, são os verdadeiros IMORTAIS!
sábado, 30 de janeiro de 2010
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2 comentários:
Boa tarde Algimar...não posso deixar de postar um comentario neste teu artigo....
Tambem para mim é muito enriquecedor cultivar a memória em todos os sentidos de nossa vida...
Sou de Pôrto Alegre e guardo com muito carinho, as lembranças de nossas ruas,,nossa musica e nossa Historia....
Penso que não foi por pouco que nossos anos de juventude, foram chamados de "Anos Dourados"....
Li alguns comentarios teus, tambem à respeito da situação politica, atual no Brasil e fiquei tua admiradora, por conseguires colocar com bom senso e equilibrio, tua opinião, com a qual concordo plenamente...
Minha maneira de ser e pensar, não combina com fanatismos!!
Abração
Hakelka
Hakelka:
Espero que estejas sempre aqui.
Seus comentários enriquecem este espaço.
Tendo conhecido Porto Alegre ainda criança e depois ai vivido por vários períodos, aprendi a guardar, com carinho, aquelas velhas lembranças. Muita coisa está intacta, mas o romantismo de então já não tem os mesmos personagens...
Um abraço e te aguardo sempre aqui.
Teu novo amigo,
Agilmar
(jorn.machado@folha.com.br)
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