Luciano Sousa, Advogado. deixou um novo comentário sobre a sua
postagem "DA CURIOSA VIDA DE ASSIS CHATEAUBRIAND (CHATÔ)":
O mais curioso é saber que em nossa cidade,Florianópolis, meu amigo é sobrinho neto de Assis Chateaubriand, o advogado André Chateaubriand Bandeira de Melo, que também é professor de direito na Universidade.
Ele acabou de fazer um doutorado na Espanha,mas nem por isso deixou de lado a simplicidadee o convívio dos amigos.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
AL NETO (AFONSO ALBERTO RIBEIRO NETO) - FINAL
Seria inverossímil afirmar que Al Neto, tendo servido ao órgão central de notícias e análises jornalísticas dos Estados Unidos, tivesse capitalizado somente fiéis amigos e incondicionais admiradores do seu trabalho.
Como também seria utopia dizer-se que seu trabalho não mereceu minuciosas análises dos países chamados “da cortina de ferro”, seguidores de regimes literalmente adversos aos pontos de vista que ele defendeu por longos anos na imprensa.
São esparsos os registros de críticos antagônicos ao trabalho de Al Neto, porquanto, à época, as publicações “do lado de lá” simplesmente não eram divulgadas por aqui.
Mas Al Neto, em que pesem esses “inimigos” anônimos, na nossa análise sempre cumpriu, minuciosa e fidedignamente, o seu prestigiado ofício.
E nem precisaria ter o “status” de Al Neto como comentarista analítico para conseguir arranjar, gratuitamente, muitas vozes divergentes a suas convicções.
Nós próprios, jornalistas provincianos que sempre fomos, jamais conseguimos atender a todos os gostos e nem sequer nos enquadrarmos de forma literal com todos os nossos leitores/ouvintes.
Uma simples crítica no rádio ou no jornal, sempre afetava algum sentimento ou autoridade atingida pelas nossas observações. Especialmente pelo nosso estilo nada “dócil” de criticar.
De qualquer forma, Al – que hoje perenemente tem seu nome lavrado no livro dos mais reconhecidos pela função que exerceu por aqui – jamais pecou pela insensatez.
Como qualquer profissional de elevado nível, fez jus ao que recebeu pelo seu trabalho, tendo especialmente deixado saudades infinitas aos que privaram da sua amizade.
Tivemos muita honra de pertencer ao seu seleto círculo de amigos, de forma desinteressada e elevada.
Sua honrada família segue levando adiante tudo o que ele preconizou para sua querida Estância do Pinheirinho, patrimônio centenário não somente como empreendimento material, mas especialmente motivada pela sempre terna lembrança dos ancestrais da ilustre família lageana.
Quando, ao saber do seu falecimento, redigi meia página de um jornal de Criciúma, confesso que o fiz com um nó na garganta e com o coração cingido. Impossível evitar uma lágrima num momento desses, mesmo considerando os 83 anos que o velho e respeitável advogado, jornalista e empresário atingiu.
Afinal, amizade não tem idade e jamais nos conformamos com a perda de uma personalidade que nos foi tão cara e próxima por tanto tempo.
Despeço-me desta série sobre alguns aspectos da vida e da personalidade marcante de Al Neto, agradecendo a todos os que a acompanharam.
Se me restar tempo ainda, um dia desejo ir a Estância do Pinheirinho e depositar, sobre a lápide de Al Neto, uma beleza natural que ele tanto amou: uma flor que simbolize o cinco (5 em Flor) que marcou tão profundamente sua vida.
Como também seria utopia dizer-se que seu trabalho não mereceu minuciosas análises dos países chamados “da cortina de ferro”, seguidores de regimes literalmente adversos aos pontos de vista que ele defendeu por longos anos na imprensa.
São esparsos os registros de críticos antagônicos ao trabalho de Al Neto, porquanto, à época, as publicações “do lado de lá” simplesmente não eram divulgadas por aqui.
Mas Al Neto, em que pesem esses “inimigos” anônimos, na nossa análise sempre cumpriu, minuciosa e fidedignamente, o seu prestigiado ofício.
E nem precisaria ter o “status” de Al Neto como comentarista analítico para conseguir arranjar, gratuitamente, muitas vozes divergentes a suas convicções.
Nós próprios, jornalistas provincianos que sempre fomos, jamais conseguimos atender a todos os gostos e nem sequer nos enquadrarmos de forma literal com todos os nossos leitores/ouvintes.
Uma simples crítica no rádio ou no jornal, sempre afetava algum sentimento ou autoridade atingida pelas nossas observações. Especialmente pelo nosso estilo nada “dócil” de criticar.
De qualquer forma, Al – que hoje perenemente tem seu nome lavrado no livro dos mais reconhecidos pela função que exerceu por aqui – jamais pecou pela insensatez.
Como qualquer profissional de elevado nível, fez jus ao que recebeu pelo seu trabalho, tendo especialmente deixado saudades infinitas aos que privaram da sua amizade.
Tivemos muita honra de pertencer ao seu seleto círculo de amigos, de forma desinteressada e elevada.
Sua honrada família segue levando adiante tudo o que ele preconizou para sua querida Estância do Pinheirinho, patrimônio centenário não somente como empreendimento material, mas especialmente motivada pela sempre terna lembrança dos ancestrais da ilustre família lageana.
Quando, ao saber do seu falecimento, redigi meia página de um jornal de Criciúma, confesso que o fiz com um nó na garganta e com o coração cingido. Impossível evitar uma lágrima num momento desses, mesmo considerando os 83 anos que o velho e respeitável advogado, jornalista e empresário atingiu.
Afinal, amizade não tem idade e jamais nos conformamos com a perda de uma personalidade que nos foi tão cara e próxima por tanto tempo.
Despeço-me desta série sobre alguns aspectos da vida e da personalidade marcante de Al Neto, agradecendo a todos os que a acompanharam.
Se me restar tempo ainda, um dia desejo ir a Estância do Pinheirinho e depositar, sobre a lápide de Al Neto, uma beleza natural que ele tanto amou: uma flor que simbolize o cinco (5 em Flor) que marcou tão profundamente sua vida.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
DA CURIOSA VIDA DE ASSIS CHATEUBRIAND (CHATÔ)
(Por Agilmar Machado)
Durante a Revolução de 1930 (que elevou ao poder central Getúlio Dornelles Vargas, destituindo Washington Luiz), muitos foram os registros que envolveram fatos curiosos e quase passados despercebidos.
Quem acompanha a história do país, sabe que – naquela época – uma das figuras de vanguarda na imprensa brasileira chamava-se Assis Chateaubriand.
Nascido pobre, cresceu na vida muito mais como jornalista do que como advogado brilhante que foi por alguns anos.
Sempre preferiu o “caminho mais curto” como titular de um império jornalístico (os Diários Associados), ao oferecer seu apoio a políticos detentores do comando.
Em 1930, Chateaubriand, ao vislumbrar a conquista do poder pelo gaúcho de São Borja, Getúlio Vargas, ofereceu-lhe apoio imediato e incondicional.
Foi no início da era Vargas que Chateaubriand, para não se incomodar com os focos de resistência que eventualmente pudessem atrapalhar sua vida, resolveu deslocar-se até Porto Alegre, fazendo-o pela região serrana no trecho de Santa Catarina.
Programou pernoite em São Joaquim, então tendo Lages como pólo absoluto do planalto catarinense. Ali se instalou, para pernoite, no único hotel da cidade.
Após um reconfortante banho, desceu até a portaria do hotel onde, de surpresa, recebia ordem de prisão do então delegado de polícia do lugar (na época, geralmente um militar).
Os motivos eram óbvios:
1.- um “desconhecido” num lugar onde todos conheciam todos;
2 - Era ordem assim agir com qualquer “ente” que aparecesse por aquelas paragens, originando natural suspeita de foragido remanescente do antigo sistema.
Quando Chatô tentou explicar ser Assis Chateaubriand, ai mesmo que “embolou o meio de campo”, aumentando mais a descrença no que o jornalista dizia: Assis Chateaubriand em São Joaquim???
De memória prodigiosa – procurando manter a calma de quem já passara por muitas situações iguais ou ainda piores – Chatô exclamou de repente: “Tenho um funcionário aqui que poderá comprovar minha identidade!”
Instado a esclarecer-se melhor, complementou Chateaubriand: “é o cidadão César Martorano, ligado a ”O Jornal”, como seu representante local”.
Chamado Martorano – que jamais iria supor ver Assis Chateubriand (e muito menos em São Joaquim), este quase teve um desmaio ao ver ali, ao vivo, aquele que tanto admirava mas que jamais supunha vir a conhecer pessoalmente!
“Doutor Chatenaubriand!”, e Chatô “partiu para o abraço”, não somente comovendo a todos, como também “gelando” a irredutibilidade até então imposta pelo delegado!
O jornalista e meu amigo pessoal há mais de 50 anos, Rogério Martorano, é muito mais fiel testemunha deste curioso fato do que consta nesse modesto relato, pois ele é filho de César Martorano e poderá contar muito mais do carinho e apreço do velho Chatô para com os seus e com a cidade de São Joaquim a partir de então.
As visitas de Chateaubriand foram freqüentes, desde então, ao seu amigo César Martorano e família, bem como muitos recursos foram destinados pelo velho jornalista à cultura da cidade.
Hoje a cidade serrana que detém o título de “mais fria do Brasil” possui em seu Museu Histórico o honroso Espaço Assis Chateaubriand.
Durante a Revolução de 1930 (que elevou ao poder central Getúlio Dornelles Vargas, destituindo Washington Luiz), muitos foram os registros que envolveram fatos curiosos e quase passados despercebidos.
Quem acompanha a história do país, sabe que – naquela época – uma das figuras de vanguarda na imprensa brasileira chamava-se Assis Chateaubriand.
Nascido pobre, cresceu na vida muito mais como jornalista do que como advogado brilhante que foi por alguns anos.
Sempre preferiu o “caminho mais curto” como titular de um império jornalístico (os Diários Associados), ao oferecer seu apoio a políticos detentores do comando.
Em 1930, Chateaubriand, ao vislumbrar a conquista do poder pelo gaúcho de São Borja, Getúlio Vargas, ofereceu-lhe apoio imediato e incondicional.
Foi no início da era Vargas que Chateaubriand, para não se incomodar com os focos de resistência que eventualmente pudessem atrapalhar sua vida, resolveu deslocar-se até Porto Alegre, fazendo-o pela região serrana no trecho de Santa Catarina.
Programou pernoite em São Joaquim, então tendo Lages como pólo absoluto do planalto catarinense. Ali se instalou, para pernoite, no único hotel da cidade.
Após um reconfortante banho, desceu até a portaria do hotel onde, de surpresa, recebia ordem de prisão do então delegado de polícia do lugar (na época, geralmente um militar).
Os motivos eram óbvios:
1.- um “desconhecido” num lugar onde todos conheciam todos;
2 - Era ordem assim agir com qualquer “ente” que aparecesse por aquelas paragens, originando natural suspeita de foragido remanescente do antigo sistema.
Quando Chatô tentou explicar ser Assis Chateaubriand, ai mesmo que “embolou o meio de campo”, aumentando mais a descrença no que o jornalista dizia: Assis Chateaubriand em São Joaquim???
De memória prodigiosa – procurando manter a calma de quem já passara por muitas situações iguais ou ainda piores – Chatô exclamou de repente: “Tenho um funcionário aqui que poderá comprovar minha identidade!”
Instado a esclarecer-se melhor, complementou Chateaubriand: “é o cidadão César Martorano, ligado a ”O Jornal”, como seu representante local”.
Chamado Martorano – que jamais iria supor ver Assis Chateubriand (e muito menos em São Joaquim), este quase teve um desmaio ao ver ali, ao vivo, aquele que tanto admirava mas que jamais supunha vir a conhecer pessoalmente!
“Doutor Chatenaubriand!”, e Chatô “partiu para o abraço”, não somente comovendo a todos, como também “gelando” a irredutibilidade até então imposta pelo delegado!
O jornalista e meu amigo pessoal há mais de 50 anos, Rogério Martorano, é muito mais fiel testemunha deste curioso fato do que consta nesse modesto relato, pois ele é filho de César Martorano e poderá contar muito mais do carinho e apreço do velho Chatô para com os seus e com a cidade de São Joaquim a partir de então.
As visitas de Chateaubriand foram freqüentes, desde então, ao seu amigo César Martorano e família, bem como muitos recursos foram destinados pelo velho jornalista à cultura da cidade.
Hoje a cidade serrana que detém o título de “mais fria do Brasil” possui em seu Museu Histórico o honroso Espaço Assis Chateaubriand.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
AL NETO (Afonso Alberto Ribeiro Neto)
RESUMO DA VITORIOSA CARREIRA DE AL NETO
"Al Neto, natural de Santa Catarina. Descendente de bascos, daí o nome Neto, que é o de um cerco ao norte de Guipúzcoa(Províncias Vascongadas, Espanha), ponto de origem da família.
Cursou a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, a Escola de Filosofia de Buenos Aires e a Escola de Jornalismo da Universidade de Missouri, especializando-se em rádio.
Foi repórter de Notícias Gráficas(Buenos Aires) e correspondente da United Press em Buenos Aires, Rio de Janeiro e Nova York,.
Em 1947, foi comentarista das Nações Unidas.
É autor de um romance "A ave de arribação" e um livro de viagens, em castelhano "Outra azucena en mi jardin".
Fez comentários radiofônicos irradiados por 186 estações brasileiras e publicado em 114 jornais".
(Fonte: Lucas Alexandre Boiteux.Subsídios para a enciclopédia catarinense 1915-1936. Inédito. Em fichas. Fotocopiado. Acervo do Instituto Histórico).
"Al Neto, natural de Santa Catarina. Descendente de bascos, daí o nome Neto, que é o de um cerco ao norte de Guipúzcoa(Províncias Vascongadas, Espanha), ponto de origem da família.
Cursou a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, a Escola de Filosofia de Buenos Aires e a Escola de Jornalismo da Universidade de Missouri, especializando-se em rádio.
Foi repórter de Notícias Gráficas(Buenos Aires) e correspondente da United Press em Buenos Aires, Rio de Janeiro e Nova York,.
Em 1947, foi comentarista das Nações Unidas.
É autor de um romance "A ave de arribação" e um livro de viagens, em castelhano "Outra azucena en mi jardin".
Fez comentários radiofônicos irradiados por 186 estações brasileiras e publicado em 114 jornais".
(Fonte: Lucas Alexandre Boiteux.Subsídios para a enciclopédia catarinense 1915-1936. Inédito. Em fichas. Fotocopiado. Acervo do Instituto Histórico).
AL NETO (Afonso Alberto Ribeiro Neto) VI
AL NETO (Afonso Alberto Ribeiro Neto) - VI
Se somos sensíveis aos sentimentos de afeto, de amizade, de dor, de tristeza, e às vezes até de raiva, tudo nos leva a crer que devamos estar perto daqueles a quem mais amamos na vida... e também na morte.
Não por uma questão física, pois no final só restará o pó, mas para que os que ficam jamais esqueçam de quem lhes fez bem na vida terrena...
Assim entendemos quando eventualmente visitamos um cemitério...
Lá estão nossos entes mais queridos para serem lembrados dos saudosos momentos de quando ainda recebíamos seu calor e seu carinho.
Definitivamente assim sempre foi a concepção de Al Neto (inclusive exteriorizando-a ao levar-nos a visitar vários túmulos que se aglomeravam no cemitério da Estância do Pinheirinho, onde ele também hoje descansa).
O cemitério - isolado -, numa linda colina de onde se vislumbrava a natureza intacta por todos os lados, bem representava a importância dada à memória dos que partiram e que um dia habitaram a casa principal, seus arredores e seus piquetes de pastagem nobre.
Em cada breve epitáfio: nome, data de nascimento e o dia, mês e ano da viagem para o Oriente Eterno.
Informação resumida, pois para quem conheceu e admirou alguém, não precisa mais nada para manter sempre viva sua lembrança.
Quando chegamos vislumbramos os sepulcros onde jazem seus antepassados.
O mais recente, então, era de seu pai, o respeitável médico Valmor Ribeiro, cujo nome orgulha a cidade de Lages e é homenageado com seu nome em importante rua e num grande ginásio de esportes.
A morte do patriarca Dr. Valmor Ribeiro, então, foi o motivo que levou o jornalista de sucesso mundial, Al Neto, a abandonar atribulada vida internacional e rumar – definitivamente – para a sede da modelar estância e assumir os destinos desta. Motivo: somente filho varão sucede aquele que alcança a eternidade...
O velório do finado Valmor Ribeiro, segundo hábito tradicional da família, teve poucos presentes: a família, os funcionários da estância e raros amigos (como também foi o de Al Neto, em 2000).
Às 21h, Al Neto veio até a sala principal onde o corpo estava sendo velado, agradeceu reverentemente a presença de todos até aquele momento, solicitou que todos retornassem no dia seguinte, às 09h, apagou as velas que circundavam o ataúde, apagou as luzes, fechou a casa e foi descansar.
Além de seus antepassados queridos, dividiam espaço com aqueles os seres que, vivos, fizeram a alegria, o orgulho e o prazer de seus donos: os animais a que seus respectivos ancestrais mais dedicaram carinho e foram nisso correspondidos.
Senti uma emoção muito forte, já que também minha concepção é de que entes queridos não são somente aqueles que possuem nosso sangue e nossa espécie, mas, sim, todos os que nos mostraram lealdade e nos propiciaram momentos alegres, mesmo sendo chamados de “irracionais”.
Pessoalmente talvez leve eu ao extremo minha admiração pelos animais, considerando a lealdade destes para conosco.
No mundo em que vivemos, não raro é lermos ou ouvirmos notícias sobre pais que, tresloucadamente, abandonam seus filhos ao léu, entregando-os à miséria e ao vício, sem demonstrar nenhum sentimento afetivo.
Mães que, eventualmente, optam pela sua própria vida, em detrimento da vida frágil de uma criança, no mais repulsivo atestado de desamor filial.
Em contraposição – e felizmente –, a esmagadora maioria das mães, quanto mais pobres e necessitadas, dão sua própria vida para que seus pequenos seres, frutos de suas entranhas, subsistam!
Curiosamente, gestos nobres e grandiosos como estes, encontramos somente num cão fiel que, ao ver seu dono atacado, entrega sua própria vida – instintivamente – para preservar a de seu amo.
Tudo isso retrata – com absoluta fidelidade – a razão óbvia de se conservar a lembrança desses seres chamados “irracionais” com o mais caloroso afeto e eterno reconhecimento.
Essas lembranças nos passavam pela mente enquanto Dr. Al Neto, impecavelmente pilchado, nos mostrava aquele lugar tão solitário, porém onde nos sentimos tão reconfortados pela paz reinante...
(Homenagem ao seu filho e sucessor, Dr. Valmor Ribeiro Neto, a quem conhecemos (em férias) durante um chá da tarde na estância, quando ainda era estudante em Porto Alegre).
Se somos sensíveis aos sentimentos de afeto, de amizade, de dor, de tristeza, e às vezes até de raiva, tudo nos leva a crer que devamos estar perto daqueles a quem mais amamos na vida... e também na morte.
Não por uma questão física, pois no final só restará o pó, mas para que os que ficam jamais esqueçam de quem lhes fez bem na vida terrena...
Assim entendemos quando eventualmente visitamos um cemitério...
Lá estão nossos entes mais queridos para serem lembrados dos saudosos momentos de quando ainda recebíamos seu calor e seu carinho.
Definitivamente assim sempre foi a concepção de Al Neto (inclusive exteriorizando-a ao levar-nos a visitar vários túmulos que se aglomeravam no cemitério da Estância do Pinheirinho, onde ele também hoje descansa).
O cemitério - isolado -, numa linda colina de onde se vislumbrava a natureza intacta por todos os lados, bem representava a importância dada à memória dos que partiram e que um dia habitaram a casa principal, seus arredores e seus piquetes de pastagem nobre.
Em cada breve epitáfio: nome, data de nascimento e o dia, mês e ano da viagem para o Oriente Eterno.
Informação resumida, pois para quem conheceu e admirou alguém, não precisa mais nada para manter sempre viva sua lembrança.
Quando chegamos vislumbramos os sepulcros onde jazem seus antepassados.
O mais recente, então, era de seu pai, o respeitável médico Valmor Ribeiro, cujo nome orgulha a cidade de Lages e é homenageado com seu nome em importante rua e num grande ginásio de esportes.
A morte do patriarca Dr. Valmor Ribeiro, então, foi o motivo que levou o jornalista de sucesso mundial, Al Neto, a abandonar atribulada vida internacional e rumar – definitivamente – para a sede da modelar estância e assumir os destinos desta. Motivo: somente filho varão sucede aquele que alcança a eternidade...
O velório do finado Valmor Ribeiro, segundo hábito tradicional da família, teve poucos presentes: a família, os funcionários da estância e raros amigos (como também foi o de Al Neto, em 2000).
Às 21h, Al Neto veio até a sala principal onde o corpo estava sendo velado, agradeceu reverentemente a presença de todos até aquele momento, solicitou que todos retornassem no dia seguinte, às 09h, apagou as velas que circundavam o ataúde, apagou as luzes, fechou a casa e foi descansar.
Além de seus antepassados queridos, dividiam espaço com aqueles os seres que, vivos, fizeram a alegria, o orgulho e o prazer de seus donos: os animais a que seus respectivos ancestrais mais dedicaram carinho e foram nisso correspondidos.
Senti uma emoção muito forte, já que também minha concepção é de que entes queridos não são somente aqueles que possuem nosso sangue e nossa espécie, mas, sim, todos os que nos mostraram lealdade e nos propiciaram momentos alegres, mesmo sendo chamados de “irracionais”.
Pessoalmente talvez leve eu ao extremo minha admiração pelos animais, considerando a lealdade destes para conosco.
No mundo em que vivemos, não raro é lermos ou ouvirmos notícias sobre pais que, tresloucadamente, abandonam seus filhos ao léu, entregando-os à miséria e ao vício, sem demonstrar nenhum sentimento afetivo.
Mães que, eventualmente, optam pela sua própria vida, em detrimento da vida frágil de uma criança, no mais repulsivo atestado de desamor filial.
Em contraposição – e felizmente –, a esmagadora maioria das mães, quanto mais pobres e necessitadas, dão sua própria vida para que seus pequenos seres, frutos de suas entranhas, subsistam!
Curiosamente, gestos nobres e grandiosos como estes, encontramos somente num cão fiel que, ao ver seu dono atacado, entrega sua própria vida – instintivamente – para preservar a de seu amo.
Tudo isso retrata – com absoluta fidelidade – a razão óbvia de se conservar a lembrança desses seres chamados “irracionais” com o mais caloroso afeto e eterno reconhecimento.
Essas lembranças nos passavam pela mente enquanto Dr. Al Neto, impecavelmente pilchado, nos mostrava aquele lugar tão solitário, porém onde nos sentimos tão reconfortados pela paz reinante...
(Homenagem ao seu filho e sucessor, Dr. Valmor Ribeiro Neto, a quem conhecemos (em férias) durante um chá da tarde na estância, quando ainda era estudante em Porto Alegre).
terça-feira, 9 de setembro de 2008
EL DIA QUE ME QUIERAS... UNA DUDA...
O poema “El dia que me quieras”, mundialmente conhecido pela composição de Alfredo Le Pêra e Carlos Gardel (o primeiro cantor francês de nascimento, e o segundo jornalista, poeta, produtor e escritor brasileiro nascido no bairro do Bexiga, SP – rua Major Diogo,22), é objeto de discussões e dúvidas até os dias de hoje, comparado à obra do poeta mexicano, Amado Nervo (Juán Crisóstomo Ruíz de Nervo- * Tepic, México, 27/08/1870- + Montevideo, Uruguay, 24/05/1918).
Gardel e Le Pera o apresentaram, gravado pelo primeiro, em 1935, meses antes do fatídico acidente aéreo de Medellín, Colômbia, que a ambos vitimaria em 23 de junho, portando, 16 anos depois do falecimento do poeta Amado Nervo.
Comparando-se os versos, é clara a coincidência de termos usados, a começar pelo título, exatamente igual.
Para que nosso leitor tenha a oportunidade de comparar, apresentamos abaixo:
- 1 – o poema de Amado Nervo (original);
- 2 – a composição de Le Pêra.
Há semelhanças que não deixam dúvidas de que a inspiração de Amado Nervo serviu de base para a obra de Lê Pêra...
EL DIA QUE ME QUIERAS
(AMADO NERVO)
El día que me quieras tendrá más luz que junio;
la noche que me quieras será de plenilunio,
con notas de Beethoven vibrando en cada rayo sus inefables cosas,
y habrá juntas más rosas que en todo el mes de mayo.
Las fuentes cristalinas irán por las laderas saltando cristalinas el día que me quieras.
El día que me quieras, los sotos escondidos resonarán arpegios nunca jamás oídos.
Éxtasis de tus ojos, todas las primaveras que hubo y habrá en el mundo serán cuando me quieras.
Cogidas de la mano cual rubias hermanitas, luciendo golas cándidas,
irán las margaritas por montes y praderas, delante de tus pasos, el día que me quieras...
Y si deshojas una, te dirá su inocente postrer pétalo blanco: ¡Apasionadamente!
Al reventar el alba del día que me quieras,
tendrán todos los tréboles cuatro hojas agoreras,
y en el estanque, nido de gérmenes ignotos,
florecerán las místicas corolas de los lotos.
El día que me quieras será cada celaje ala maravillosa;
cada arrebol, miraje de "Las Mil y una Noches";
cada brisa un cantar, cada árbol una lira, cada monte un altar.
El día que me quieras, para nosotros dos
Gardel e Le Pera o apresentaram, gravado pelo primeiro, em 1935, meses antes do fatídico acidente aéreo de Medellín, Colômbia, que a ambos vitimaria em 23 de junho, portando, 16 anos depois do falecimento do poeta Amado Nervo.
Comparando-se os versos, é clara a coincidência de termos usados, a começar pelo título, exatamente igual.
Para que nosso leitor tenha a oportunidade de comparar, apresentamos abaixo:
- 1 – o poema de Amado Nervo (original);
- 2 – a composição de Le Pêra.
Há semelhanças que não deixam dúvidas de que a inspiração de Amado Nervo serviu de base para a obra de Lê Pêra...
EL DIA QUE ME QUIERAS
(AMADO NERVO)
El día que me quieras tendrá más luz que junio;
la noche que me quieras será de plenilunio,
con notas de Beethoven vibrando en cada rayo sus inefables cosas,
y habrá juntas más rosas que en todo el mes de mayo.
Las fuentes cristalinas irán por las laderas saltando cristalinas el día que me quieras.
El día que me quieras, los sotos escondidos resonarán arpegios nunca jamás oídos.
Éxtasis de tus ojos, todas las primaveras que hubo y habrá en el mundo serán cuando me quieras.
Cogidas de la mano cual rubias hermanitas, luciendo golas cándidas,
irán las margaritas por montes y praderas, delante de tus pasos, el día que me quieras...
Y si deshojas una, te dirá su inocente postrer pétalo blanco: ¡Apasionadamente!
Al reventar el alba del día que me quieras,
tendrán todos los tréboles cuatro hojas agoreras,
y en el estanque, nido de gérmenes ignotos,
florecerán las místicas corolas de los lotos.
El día que me quieras será cada celaje ala maravillosa;
cada arrebol, miraje de "Las Mil y una Noches";
cada brisa un cantar, cada árbol una lira, cada monte un altar.
El día que me quieras, para nosotros dos
"EL DIA QUE ME QUIERAS"... UNA DUDA...
Acaricia mi ensueñoel suave murmullo de tu suspirar,¡como ríe la vidasi tus ojos negros me quieren mirar!Y si es mío el amparode tu risa leve que es como un cantar,ella aquieta mi herida,¡todo, todo se olvida..!El día que me quierasla rosas que engalanase vestirá de fiestacon su mejor color.Al viento las campanasdirán que ya eres míay locas las fontanasme contarán tu amor.La noche que me quierasdesde el azul del cielo,las estrellas celosasnos mirarán pasary un rayo misteriosohará nido en tu pelo,luciérnaga curiosaque verá...¡que eres mi consuelo..!Recitado:El día que me quierasno habrá más que armonías,será clara la auroray alegre el manantial.Traerá quieta la brisa rumor de melodíasy nos darán las fuentessu canto de cristal.El día que me quierasendulzará sus cuerdasel pájaro cantor,florecerá la vida,no existirá el dolor...La noche que me quierasdesde el azul del cielo,las estrellas celosasnos mirarán pasary un rayo misteriosohará nido en tu pelo,luciérnaga curiosaque verá... ¡que eres mi consuelo
Assinar:
Postagens (Atom)